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Pujante. Essa é a verdadeira palavra para descrever o sistema de ônibus urbanos da maior metrópole brasileira. Os números não deixam mentir e mostram a grandeza operacional. São 15 concessionárias e 12 permissionárias operando 9.213 e 5.931 veículos, respectivamente; 1.280 linhas; seis milhões de passageiros que utilizam o sistema diariamente; 10 milhões de viagens realizadas por dia e 37,7 milhões de litros de óleo diesel por mês. Quer mais? O custo anual da operação é de R$ 7,5 bilhões (2016), sendo que a arrecadação atingiu o valor de R$ 4,74 bilhões e o subsídio municipal contribuiu com outros R$ 2,75 bilhões, números arredondados.
Apesar do modal ser o principal meio de transporte de massa de São Paulo, ainda necessita de uma remodelagem em sua estrutura para se alcançar modernidade e eficiência. De acordo com Francisco Christovam, presidente do SPUrbanuss, entidade que reúne as empresas concessionárias da capital, há muitos aspectos que precisam ser revistos, pois implicam diretamente na questão operacional. “Hoje, a rede está desatualizada, com baixa eficácia. Ela era a base da licitação de 2003 e não acompanhou a evolução. Temos estudos que mostram como se comportam os deslocamentos na cidade. Com isso será possível adotar um modelo operacional atualizado para se alcançar desempenho no sistema”, comentou.
Christovam também comentou que o modelo de remuneração está ultrapassado; não há nenhum tratamento especial à infraestrutura onde o ônibus roda; não há comunicação com os clientes (passageiros); é necessário a implantação de centros de controle operacionais; a política tarifária é desastrosa e há uma alta dependência de recursos do tesouro. “Há muitos fatores desatualizados que comprometem toda a operação. A infraestrutura é uma deles, pois não avançou, enquanto que os ônibus, que circulam por um viário precário, possuem uma tecnologia avançada e são os mais modernos. A falta de comunicação com o passageiro e com a sociedade está aquém do que é preciso. E o novo processo licitatório precisa promover flexibilidade às operações, permitindo otimização”, observou.
Na visão do executivo, São Paulo necessita da implantação de corredores do tipo BRT (Trânsito Rápido de Ônibus) construídos e operados pelas parcerias público privadas, com definição no próprio processo de licitação que está por ocorrer. “Com o BRT é possível conquistar regularidade, alta capacidade de transporte e confiabilidade. E adotar o conceito do metrô ao ônibus é uma solução para se melhorar o transporte coletivo. Interessante ainda observar que a capital paulista não tenha tido a iniciativa de implantar o BRT como forma de evoluir sua mobilidade”, comentou Christovam.
O sistema paulistano custa, hoje, R$ 24 milhões por dia e arrecada 2/3 desse montante. Para a conta fechar, o subsídio público municipal tem sido um instrumento que contribui. Entretanto, esse ônus aumenta ano após ano. “É preciso provocar a queda da evasão de receitas por meio da tecnologia que monitora o acesso dos passageiros com seus cartões eletrônicos. Os custos operacionais precisam ser racionalizados, além da maior especialização do setor e da disponibilidade de outras fontes de custeio do sistema”, disse Christovam.
Sem a subvenção municipal, a passagem custaria hoje R$ 6,64, valor que envolve a operação e a infraestrutura. Com o subsídio, o passageiro paga R$ 3,80.
Foto: Revista Auto Bus