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Com a apreensão de três veículos entre quinta e sexta-feira, os permissionários do transporte alternativo de Natal estão com medo de circular pela capital. A população que depende dos 90 micro-ônibus de Natal é a principal prejudicada. As linhas 314 – B (Nordelândia), 308 (José Sarney) e 310 (Redinha) são as mais afetadas com a redução de veículos em circulação, já que os três alternativos apreendidos são dessas linhas. Embora circulem dentro do município de Natal, os autos de infração estão com timbre do Departamento Estadual de Estradas e Rodagens do Rio Grande do Norte (DER/RN). O diretor-geral, Jorge Fraxe, disse que o órgão não tem a missão de fiscalizar o transporte de passageiros em Natal, somente entre cidades do Estado. O problema promete se prolongar pelo fim de semana.
Atendida exclusivamente pelo sistema de transporte público com a linha de alternativos 308, a comunidade José Sarney é a mais prejudicada. “Dos quatro carros que faziam a linha, um foi apreendido e os outros três pararam com medo”, disse Maria Edileuza Queiroz, presidente da Cooperativa de Transporte Alternativo de Natal (Transcoop). Somados, os carros transportam 1.400 pessoas/dia.
Em outra linha afetada, a 314 – B (Estrada da Redinha, Nordestão e Tomaz Landim) dos 12 veículos, apenas três estão nas ruas. Juntos, a dúzia de veículos transportava 3 mil passageiros diariamente segundo a Transcoop/Natal. A população de Nordelândia também não possui outra opção de transporte público, como ônibus. Com a redução drástica, o tempo de espera nas paradas aumentou.
Antes os passageiros gastavam entre 10 e 15 minutos nos pontos. Agora, segundo a cooperativa, esse tempo pode chegar a 30 minutos. O resto da cidade também é afetada com a redução horários de outras linhas. “Nessa sexta-feira à noite, só Parque das Dunas, Nova Natal e Parque dos Coqueiros vão rodaram até as 19 horas”, informou a presidente da Cooperativa.
Segundo o próprio secretário adjunto de Transportes de Natal, Clodoaldo Trindade, outras comunidades, como o Leningrado, também são fortemente prejudicadas, pois não possuem linhas de ônibus. De acordo com a presidente da cooperativa, os fiscais estaduais prometeram intensificar o trabalho dentro do município de Natal no final de semana. “Mas dessa vez, nós já estamos preparados e não vamos deixar levar mais nenhum carro nosso”, reagiu.
A primeira apreensão aconteceu por volta das 14h30 da quinta-feira (8) na avenida Tomaz Landim, via de domínio federal e limite entre os municípios de Natal e São Gonçalo do Amarante. Coincidentemente ou não, o alternativo pertence à presidente da cooperativa. Maria Edileuza contou que o carro onde os servidores estavam não possuía identificação alguma do DER. “O mais absurdo foi eles mandarem todos os passageiros descer e levarem o carro. Se eu tivesse irregular e fosse parada pela STTU [Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana], eles teriam mandado deixar os passageiros no seu ponto antes de apreender o carro”, ressaltou.
Segundo ela, toda a documentação estava em dia. “O fiscal disse que a gente não tinha ordem de serviço do DER. O que mais me revolta é que nós fomos licitados pelo município de Natal, rodamos na Tomaz Landim há vários anos e agora não temos mais esse direito”, argumentou. Para ter o carro de volta, Maria Edileuza terá que pagar cerca de R$ 2 mil.
Para o secretário adjunto de Transportes de Natal, Clodoaldo Trindade, o DER/RN sustentou outra explicação: a ordem de serviço municipal de Maria Edileuza não tinha a data final de vigência. “Há 30 anos, a nossa ordem de serviço só tem a vigência inicial. Não somos obrigados a cumprir a mesma legislação que eles. Temos nossa própria legislação”, asseverou . Ele lembrou outra situação: “Nós apreendemos na quinta-feira à tarde um transporte opcional intermunicipal que estava fazendo transporte escolar no Parque dos Coqueiros. Não sei se foi coincidência”, declarou. Os alternativos de Natal possuem GPS, o que facilita verificar se o veículo cumpre a rota determinada pelo poder público.
Fonte: Tribuna do Norte