Na semana retrasada um grupo de investidores apresentou ao juiz Walter Santin Júnior, da 5ª Vara Cível de Joinville, proposta para a compra das três plantas da Busscar, além do maquinário, a fim de voltar a produzir o ônibus em meados de 2017. O valor proposto foi de R$ 67,15 milhões, compatível aos 49% da avalição exigidos pela Justiça. A avaliação total da planta de carrocerias em Joinville, da unidade de Piraberaba, e da unidade de Rio Negrinho, com a fábrica de peças foi de R$ 133.151.088,11.
A compra se daria em 52 parcelas: entrada de 14%, o que equivale a R$ 9,4 milhões, e o restante, R$ 57,74 milhões corrigidos por índice determinado pelo Tribunal de Justiça.
Para preservar a negociação, a justiça, entretanto, manteve em sigilo os nomes dos investidores. Mas um protesto de ex-funcionários da Busscar pode revelar a possível concretização de um “namoro antigo”.
Líder de um grupo de ex-funcionários, Esbaldini Testoni, diz que dirigentes da Caio, encarroçadora pertencente ao Grupo Ruas (empresário de ônibus de São Paulo), com sede em Botucatu, no interior de São Paulo, estariam entre os investidores. Na opinião de Testoni, porém, o valor apresentado é muito baixo e poderia deixar cerca de quatro mil credores sem os recursos suficientes. A declaração foi dada ao jornalista Luiz Verissimo do jornal local Notícias do Dia, que publicou a seguinte informação.
“um grupo de ex-funcionários da Busscar no WhatsApp criticou o possível interesse da ex-concorrente Caio em assumir os ativos operacionais da massa falida por um preço que classificaram de “doação”. Um dia depois, eles tomaram conhecimento que a 5ª Vara Cível tornou pública a oferta de aproximadamente R$ 70 milhões em 50 parcelas mensais. Esbaldini Testoni, que está à frente do movimento dos ex-funcionários deste a crise de 2008, garante que este valor anunciado e o que já foi leiloado – cerca de R$ 100 milhões – deixarão cerca de quatro mil credores trabalhistas da classe concursal sem “um centavo”. Esta categoria é a última a ser paga em caso de falência. Testoni adianta que o valor anunciado será suficiente para pagar os “extra concursais”, que segundo a lei têm preferência. Não vai sobrar nada para eles (quatro mil de concursais). “A Justiça avaliou o patrimônio operacional em R$ 350 milhões e agora querem doar por R$ 70 milhões?”, perguntou Testoni. Ele defende que a venda do patrimônio que restou seja feita de forma fatiada. “Vender a marcenaria, a pintura, máquinas e o terreno separadamente”, explicou Testoni.
CAIO E NAMORO ANTIGO:
Desde a última sexta-feira, por e-mail, o Diário do Transporte entrou em contato com a assessoria de imprensa da Caio, mas não obteve resposta.
A Justiça diz que a identificação ainda não será revelada oficialmente.
Entretanto, o namoro entre a empresa de Botucatu, atualmente especializada apenas em ônibus urbanos, e que não preenche o mercado de ônibus rodoviários, é antigo. Desde setembro de 2011, antes mesmo da falência da Busscar, a Caio já tinha confirmado interesse na encarroçadora de Joinville. Relembre: https://diariodotransporte.com.br/2011/09/28/busscar-caio-fala-em-primeira-mao-com-blog-ponto-de-onibus/
Em outubro daquele ano, porém, a Justiça indeferiu a proposta da Caio que previa pagamento de R$ 40 milhões pelo complexo – http://www.valor.com.br/empresas/1063170/justica-nega-proposta-da-caioinduscar-para-compra-da-busscar
Em 2013, a Caio voltou a apresentar outra proposta, desta vez para aluguel da Busscar – http://anoticia.clicrbs.com.br/sc/economia/noticia/2013/02/caio-induscar-faz-nova-oferta-para-aluguel-da-busscar-4057963.html
Esta proposta também foi recusada pela justiça. Todas as propostas foram apresentadas em período anterior à crise econômica.
Fonte: Diário do Transporte