Passageiros de um ônibus da linha 901 – TI Abreu e Lima/TI Macaxeira, a mesma que passou a operar sem receber pagamento em dinheiro como tentativa de reduzir a criminalidade nos coletivos, foram assaltados. O caso foi confirmado pelo Grande Recife Consórcio de Transporte. O ocorrido foi alvo de críticas de representantes dos usuários e dos trabalhadores do setor, que cobram mais policiamento. Desde o início do ano, o número de assaltos passa de mil, nas contas do Sindicato dos Rodoviários. Já para a Secretaria de Defesa Social (SDS), foram 506 registros de janeiro a junho.
O crime ocorreu na BR-101, um dos dez corredores mais alvejados pelos criminosos, conforme dados da SDS. O trecho que a linha percorre, especificamente, é menos violento que a BR-101 Sul, mas conta com os mesmos facilitadores para as investidas delituosas – escuridão da rodovia e longos trechos com pontos de embarque e desembarque desertos. Três homens armados teriam entrado no veículo e anunciado o roubo. Eles conseguiram fugir levando os pertences dos passageiros. Até agora, ninguém foi preso.
“Infelizmente, era algo já esperado por conta do percurso do ônibus, pela BR. É um trecho de risco. Na segunda-feira, vamos apurar melhor o que aconteceu. Mas, desde o início, deixamos claro que tirar os cobradores dos ônibus não iria resolver”, afirma o presidente do Sindicato dos Rodoviários, Benilson Custódio.
Os ônibus da linha 901 deixaram de receber pagamento em dinheiro desde o dia 11 de julho passado, o que resultou na retirada dos cobradores do itinerário. A tarifa só pode ser paga com o Vale Eletrônico Metropolitano (VEM), vendido, entre outros pontos, nos próprios TIs Abreu e Lima e Macaxeira e no posto de recarga da rua da Soledade, no Centro do Recife. A medida foi adotada como um teste. Ainda não há previsão se outras linhas serão submetidas à mesma iniciativa.
“Mesmo com medidas como essas e com a instalação de mais câmeras, a onda de assaltos não vem diminuindo. A sensação nas ruas é outra. Isso mostra que o necessário é que a segurança pública entre mais nesse debate e faça sua parte. O que leva o criminoso a não agir é o medo do fator surpresa, e não tem sido assim”, diz o coordenador regional da Associação Nacional do Transportador e dos Usuários de Estradas, Rodovias e Ferrovias (Antuerf-PE), Frederico Haeckel. O Grande Recife Consórcio e o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros no Estado de Pernambuco (Urbana-PE) não comentaram o ocorrido.
Fonte: Folha de Pernambuco
