Dependendo da distância, viajar por terra compensa

O preço mais acessível, a melhoria nos serviços rodoviários, além da redução da malha aérea do Estado são apontados como algumas das razões para o crescimento da demanda de viajantes que, em vez dos céus, atravessam o país de ônibus. A coordenadora pedagógica Rafaela Moreira, baiana de 25 anos, que já viajou de avião e de ônibus para diversos lugares do país, conta que dependendo da distância e tempos gastos com a viagem, vale a pena trocar o modal aéreo pelo rodoviário.

Na última quarta-feira (29), ela estava de malas prontas no Terminal Rodoviário de Natal aguardando para embarcar para Recife e, de lá seguir para Paulo Afonso, na Bahia, onde mora. Desta vez, com a tia, a agricultora Josefina Pereira, de 61 anos, voltando das férias em solo potiguar para Paulo Afonso.
Foto: Magnus Nascimento / Tribuna do Norte
Com apenas uma opção de companhia aérea operando o voo Natal-Paulo Afonso, ela explica que o custo seria bem maior. O trecho não sai por menos de R$ 900,00, sendo mais acessível desembolsar R$ 320,00 para ir e voltar de ônibus. “A vantagem que seria o conforto de chegar mais rápido, menos cansada, acaba sendo engolido pela quantidade de escalas e, às vezes, até conexão que é preciso fazer para chegar a Paulo Afonso. É quase o mesmo tempo indo de ônibus”, explica. As duas embarcaram de Natal para Recife, onde pegam outro ônibus para a cidade baiana. Ao todo, são cerca de 12 horas de viagem.
Um problema no sistema de vendas de bilhetes da Viação Progresso, adiou ainda mais a chegada delas no interior baiano. “Reservamos, chegamos 20 minutos antes, mas o sistema estava fora do ar. Com isso, perdemos o das 15h e compramos das 17h tendo que atrasar também o embarque em Recife”, disse.
O cancelamento de um voo direto de Natal-Fortaleza, operado pela Gol, foi o que levou a médica potiguar Marina Torquato, de 28 anos, a trocar as viagens de avião pela estrada na hora de embarcar para para a capital cearense, onde mora atualmente.
Custo: A viagem mensal, antes feita em 40 minutos, agora de ônibus dura cerca de 9 horas. Em compensação, no bolso, há economia. O preço da passagem de ônibus é bem inferior ao da tarifa aérea. “Hoje gasto cerca de 70,00, por trecho, enquanto se fosse de avião ficaria no mínimo uns R$ 600,00 [ida e volta]. Quando tinha o voo da Gol, conseguia promoção a R$ 200 a R$ 300, agora, sai bem mais caro e não compensa”, contou a médica, enquanto comprava o ticket na Rodoviária de Natal, na última quarta-feira.
De férias em Natal, o servidor público Wanderley Lopes da Mota, de 30 anos, fez os cálculos e também não achou vantajoso pagar para voar da capital potiguar para Recife com a família, para os últimos festejos juninos na capital pernambucana. O aéreo mais barato encontrado custa R$ 400, o trecho por pessoa, enquanto no transporte rodoviário saiu a R$ 80. “Não compensa para um período tão curto, já que precisaremos voltar para Natal e embarcar daqui para Brasília”, conta o servidor.
A estrutura do Terminal Rodoviário de Natal, reformada há dois anos, surpreendeu a família dele. “Está em situação melhor, conservada e organizada em relação a de Recife, por exemplo, que da última vez que fui estava bem decadente”, conta.
Vendas online de passagens crescem: O fluxo de passageiros em viagens interestaduais de ônibus no RN cresce em um aspecto: a compra por passagens pela internet. É o que aponta levantamento da ClickBus, empresa especializada na venda de passagens on-line, que registra aumento de 160% no fluxo de passageiros saindo de Natal para outros estados, nos primeiros cinco meses de 2016 na comparação com o mesmo período do ano passado.
Os principais destinos comprados nas plataformas da ClickBus saindo de Natal são Recife (PE), Fortaleza (CE), Messejana (CE), Teresina (PI) e Sobral (CE). O cálculo se refere às vendas de passagens saindo de Natal para cidades fora do RN feitas pelas plataformas (site e app) da ClickBus.
“As principais razões pelo aumento das nossas vendas são o aumento da procura de ônibus e o aumento de vendas de passagens rodoviárias pela internet. Além disso, mais empresas estão aderindo ao mercado online e disponibilizam as passagens na plataforma”, explica Fernando Almeida Prado, co-CEO e co-fundador da ClickBus.

As vendas pela internet de passagens rodoviárias representam apenas 4% do total. E a tendência é fechar 2016 com 5%. “Quando a ClickBus iniciou suas operações, em agosto de 2013, esse mercado era de apenas 1%. O nosso crescimento se beneficia dessa maior procura por passagens na internet”, afirma. Hoje, o portal conta com 75 empresas parceiras que atendem mais de 4.500 destinos.

Prado atribui a maior procura pelo modal ao menor custo de viagens rodoviárias na comparação com a tarifa aérea. “O preço é realmente um grande atrativo para as viagens rodoviárias”, afirma.
Além da economia, ele pontua que há outros motivos que influenciam a busca pelo transporte rodoviário. Entre eles, a melhoria na experiência da viagem, com empresas investindo na oferta de serviços para atrair clientes inclusive do setor aéreo. São veículos com poltronas mais confortáveis, leitos, serviço de bordo, WiFi, filmes a bordo, além da possibilidade de compra online, garantindo o assento para o horário e dia desejados.
A concentração de aeroportos em poucas cidades é outro ponto que estimula a escolha por viagens de ônibus, segundo ele, enquanto as rodoviárias são mais centrais.

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