SP: Prefeitura acredita que uso do Bilhete Único no Uber pode reduzir necessidade de subsídios ao transporte coletivo

Prosseguem os estudos da Prefeitura de São Paulo para a possibilidade de o Bilhete Único ser também aceito em aplicativos de transporte como o Uber e o Cabify.
Nesta sexta-feira, 10 de junho de 2016, os jornalistas Bruno Ribeiro e Fábio leite do jornal O Estado de São Paulo trouxeram matéria dizendo que a prefeitura acredita que a possibilidade do uso de créditos do Bilhete Único para pagar as corridas do Uber e de outros aplicativos pode estimular o uso do transporte público, no entanto, tendo como um dos resultados a redução de subsídios ao sistema gerenciado pela SPTrans.



Isso porque, de acordo com a lógica da Prefeitura de São Paulo, muitas pessoas pegariam os carros dos aplicativos em regiões mais afastadas e se deslocariam até o terminal de ônibus mais próximo para seguirem em direção à região central.

Esta nova demanda utilizaria assim apenas um ônibus por sentido de viagem, ou seja, pagaria a tarifa cheia.
Hoje uma das grandes necessidades dos subsídios é justamente por causa das integrações entre diferentes linhas de ônibus.
O passageiro paga uma tarifa apenas. No entanto, a prefeitura deve pagar a tarifa técnica às empresas para cada ônibus utilizado. Hoje a tarifa técnica em São Paulo varia entre R$ 1,50 e R$ 3,25, dependendo da região e da extensão do serviço.
Assim, por exemplo, se um passageiro utiliza apenas um ônibus cuja tarifa técnica é de R$ 3, os 80 centavos de diferença referente a tarifa do município, que é de R$ 3,80 vão para a conta do sistema de transportes.
Mas também por causa das integrações esta conta é sempre deficitária.
Isso porque é grande a demanda de passageiros que utilizam mais de um veículo de transporte coletivo municipal.
No mesmo exemplo, enquanto um passageiro usa um ônibus, “sobrando” R$ 0,80 para a conta sistema, outro poderá usar três ônibus integrados pelos mesmos R$ 3,80 da tarifa do município. Supondo que no primeiro a tarifa técnica (valor para as empresas) é de R$ 1,50, no segundo é de R$ 2,00 e no terceiro de R$ 2,50, a prefeitura teria de pagar às empesas da seguinte maneira:
Sistema registra R$ 3,80 de entrada
Prefeitura paga R$ 1,50 para a primeira linha de ônibus
Sobram R$ 2,30
Prefeitura paga R$ 2,00 para a segunda linha de ônibus
Sobram R$ 0,30.
Prefeitura paga R$ 2,50 para a terceira linha
Déficit de R$ 2,20 (superior aos R$ 0,80 que sobraram do exemplo anterior).
Além das integrações, há outros passageiros que são transportados sem “remunerar” a conta-sistema dos transportes, como idosos com 60 anos ou mais, deficientes, carteiros, policiais, conselheiros participativos e estudantes, por exemplo.
A complementação dos recursos precisa sair dos cofres do município. Assim  é hoje o modelo de subsídio em São Paulo.
Hoje, o passageiro “custa”, em média, R$ 5,71 em São Paulo.
Com esse tipo de incentivo como o uso de parte do trajeto por meios como Uber, ainda na lógica da prefeitura, poderia aumentar passageiros que não dependem de integrações e rendem tarifa cheia maior que a tarifa de remuneração. É mais dinheiro na conta-sistema para cobrir integrações e gratuidades.
Por enquanto, não há prazos em nem conclusão da administração para que o Bilhete Único seja de fato utilizado para pagar os aplicativos.
Vale ressaltar que mesmo assim,  o número de passageiros com integrações ainda será maior e que uma parcela pequena de pessoas usaria o Bilhete Único no Uber e seguiria de ônibus, mas é uma aposta da prefeitura.
Fonte e fotos: Blog Ponto de Ônibus

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