Os abrigos especiais implantados ao longo da Avenida Bernardo Vieira enfrentam problemas de manutenção e vandalismo. Muitos deles estão com a cobertura parcialmente danificada, mas também é possível encontrar algumas completamente destruídas.
No bairro das Quintas, nas proximidades da antiga loja Madeira e Etc, só sobrou o “esqueleto” metálico da cobertura. Cheios de ferrugem, os pedaços ameaçam cair quando a brisa se anuncia. A situação nos abrigos que ficam nos dois sentidos (Zona Norte – zona Sul e o contrário).
O vendedor de doces José Fábio Pereira, de 26 anos, tem os ônibus como o seu campo de trabalho. Sem emprego na zona Rural, ele veio para a cidade e há quatro meses oferece doces aos passageiros dentro do transporte coletivo. Portanto, ele passa boa parte do seu dia sobre os abrigos ou o que restou deles.
Além de observar os ônibus que passam na via, ele também olha para o alto com cautela. “Eu chego na parada, procuro ficar nos lugares que tem menos ferrugem. Às vezes fica só na pontinha e o vento derruba. Semana passada, teve uma parte desse ferro que se soltou e poderia ter caído na cabeça de alguém”, contou.
Quem quer se proteger do sol só tem como opção as sombras das colunas da parada. “É difícil para o passageiro que tem que ficar no sol. Por enquanto está dando sombra, mas quando for 10 horas não tem mais canto nenhum com sombra”, acrescentou. Em hipótese de chuva, o usuário do sistema de transporte de Natal tem que se virar: abre o guarda-chuva ou aceita o banho enquanto seu ônibus não vem.
Nas paradas de outros pontos da mesma avenida, mesmo que esteja minimamente conservada, as chuvas são um problema. “Não impede a chuva, molha do mesmo jeito. Como ela é alta por causa dos ônibus, é só uma sombra”, comentou o vendedor.
Depredação: Instaladas em 2007, as paradas classificadas como “especiais” pela Secretaria de Mobilidade Urbana (STTU) deram uma nova cara à avenida Bernardo Vieira quando passou por uma reforma para dar espaço ao corredor exclusivo para ônibus. No ponto de ônibus, também foram instalados painéis com números da secretaria e até com os ônibus que passavam pela avenida.
Não foi só o tempo que acabou com tudo isso. A depredação pela própria população também colabora para o desgaste desse patrimônio público. Há trinta anos com um trailer de lanches na avenida Bernardo Vieira, o comerciante Francisco Costa de Souza disse que já viu um pessoa sobre uma das paradas arrancando as folhas de um material semelhante a PVC transparente durante a madrugada.
“Os noiados arrancam essas telhas e tiram o ferro para vender nas sucatas, ferro velho. Eles arrancam uma parte e o vento leva o resto”, disse indignado. Ainda segundo ele, a Prefeitura já recuperou as estruturas próximas do seu trailer por duas vezes, mas a prática criminosa continua. Na ocasião que ele presenciou uma pessoa retirando o material ligou para a polícia, mas a viatura militar não conseguiu chegar a tempo.
Também em 2007, todos os pontos que ganharam sinais de trânsito com faixas de segurança também foram contemplados com botoeiras. Essa foi uma medida para proteger o passageiro que tem que pegar o ônibus no miolo da avenida. As botoeiras são botões que servem para facilitar a travessia quando nos semáforos – sincronizam os semáforos. Mas elas também desaparecem.
As grades de contenção também são problemas. Por várias vezes elas foram repostas, mas a população teima em arrancá-las. O diretor de departamento de Planejamento da STTU, Jaime Balderrama, informou que a recuperação desses abrigos está em fase de preparação de orçamento para ser licitado.
Caso a licitação ande dentro dos prazos mínimo previstos em lei, ele acredita que em três meses as obras comecem. “Realmente são deterioradas por acidente ou vandalismo. Quando acontece vandalismo, a secretaria faz um relatório e encaminha para a polícia, mas nunca deu em nada, porque são muitos abrigos. É como a situação das lixeiras”, disse o diretor.
Fonte: Jornal de Hoje