Passar o Natal com a família é o desejo de qualquer pessoa, mas conseguir realizá-lo nem sempre é fácil. Ontem, o movimento nas rodoviárias de todo Brasil foi intenso, e muita gente que não comprou passagem de ônibus com antecedência teve de passar o dia na estrada. E a noite também, no caso de quem embarcou rumo ao Nordeste.
O pedreiro Nelson do Carmo, de 35 anos, é de Feira de Santana, na Bahia, e decidiu encarar 36 horas de viagem. Sua noite de Natal não teve ceia nem família em volta da mesa, mas, antes de iniciar a jornada, ele estava animado para passar a noite conversando com outros passageiros.
“Bom mesmo seria estar em casa com a família, mas passar o Natal no ônibus também é legal. A gente faz amizade, as pessoas conversam durante a viagem e quando o relógio marca meia-noite, todos se abraçam”, contou, lembrando sua experiência de 2012, quando fez o trajeto São Paulo-Feira de Santana.
Roni José da Costa, de 41 anos, decidiu voltar de vez para Pombal, na Paraíba. A viagem, que vai durar três dias e duas noites, estava apenas no começo durante a noite de ontem. O embarque marcado para as 13h garante a chegada do vendedor no sábado, se não houver imprevistos durante o percurso. Para Roni, no entanto, o mais importante é voltar ao lar e retomar a convivência com os filhos e a esposa.
“Não é muito bom passar o Natal na estrada, mas estou feliz. O que vale é ter saúde, é saber que a família me espera”, afirmou Roni.
O eletricista Márcio Santos Lurahy, de 46 anos, também vai viajar. No entanto, seu destino não é a casa da família. Ele foi transferido do Rio de Janeiro para trabalhar em Fortaleza, no Ceará, onde deverá chegar no sábado.
“Vai ser uma viagem cansativa, mas valerá a pena. Estarei longe da minha família neste fim de ano, mas assim que for possível, eu volto”, garantiu.
Ana Maria, de 50 anos, tinha comprado uma passagem para Teófilo Otoni, em Minas Gerais, com embarque marcado para as 19h30m. Acompanhada da mãe e do filho, ela saiu de casa, às 16h, mas só chegou à rodoviária às 20h45m. Para seu destino, não havia mais vagas disponíveis antes de domingo.
“Agora, vamos fazer uma baldeação. Pegaremos um ônibus para Belo Horizonte e, de lá, tentaremos um outro para Teófilo Otoni. Serão mais R$ 260 de passagem para cada um”, reclamou Ana Maria enquanto tomava conta de cinco malas.
O mesmo aconteceu com Francisco Gomes, de 72 anos, que ia para Saquarema no ônibus das 21h30m de terça-feira. De onde mora, até a rodoviária, o aposentado levou três horas e 20 minutos. Aguardando um outro embarque, às 6h05m de ontem, ele passaria toda a madrugada na praça de alimentação da rodoviária, onde conheceu Maria Lucia Ayres, de 66, que enfrentou o mesmo problema. Ela saiu de sua casa às 18h30m de terça-feira e não conseguiu pegar o ônibus das 21h15m. Seu novo embarque estava previsto para as 4h30m de ontem.
Fonte e foto: Portal Cidade Verde