A MAN Latin America está reajustando em 5% os preços de sua linha de chassis Volksbus. O momento não é o mais adequado para um aumento, mas essa mudança era inadiável, conforme explicação de José Ricardo Alouche, VP de Vendas e Marketing da montadora. A necessidade de reajuste já vinha comprimida desde a passagem da legislação de Euro 3 para Euro 5.
No final da era Euro 3 já havia um ambiente de alta demanda, com expectativa de aumento pela chegada da nova tecnologia, que já aplicava de berço uma diferença média de 15% nos valores de mercado. Cálculos da época mostravam que não havia espaço para aumentar de uma vez 20%, que seria o índice necessário. A indústria alegava uma necessidade de repor custos, mais do que preservar suas margens.
“A tecnologia Euro 5 amadureceu e já não é mais necessário explicar sua necessidade, mas o mercado caiu. Esperava recuperar parte dessa defasagem em 2013, mas não aconteceu isso”, diz Alouche. “Em 2014 houve a dificuldade com o Finame no início do ano, que roubou dois meses de mercado. Depois do carnaval o mercado de caminhões reagiu um pouco, mas o de ônibus, não.”
Mas o resto do ano só mostrou todo mundo empurrando com a barriga. Uma ligeira recuperação ocorreu depois da Copa, mas sem intensidade. A alternativa era aguardar as eleições. “O fato é que estamos no final do ano esperando o ano acabar de fato, com novo ministro, novas políticas e etc. Na verdade, 2014 foi pior do que 2013, com 20 a 22% de queda e uma capacidade ociosa de 40% no mercado”, explica.
Saída estratégica: Com aumento nos estoques e falta de clientes, foi preciso recorrer a descontos. “Ainda não repassamos todo o custo da mudança para Euro 5 e, como os custos são intocáveis, decidimos aumentar”, continua Alouche. A fábrica de Resende já reduziu um turno e abriu programa de layoff para 4 a 6% dos quadros. Parte da recuperação necessária vai depender dos distribuidores, se ficarem sem estoque e acharem que precisam de reposição. “Um dos dealers, a Apta, viu oportunidade na crise e criou uma encarroçadora, para atuar em nichos”, diz.
O mercado de ônibus urbanos estava meio fora do ar em 2012 e 2013 e, quando esboçava uma reação foi travado pelos protestos, com as queimas de veículos. “Com isso, somente os clientes com algum contrato novo ou obrigados a fazer renovação estavam comprando”, prossegue Alouche. Agora, os mercados de urbanos como Brasília, Salvador, Recife e Vitória vem retomando alguns volumes de agosto para cá, em um movimento que deve prosseguir em 2015 por conta das restrições à idade da frota.
A perspectiva sobre o mercado de ônibus rodoviário mostra uma outra visão do executivo. “A retomada será gradativa, com ponto alto em 2016 e 2017”, aponta, com certa cautela. De olho nas curvas do mercado, a MAN está aprimorando atendimento preparando produto, caso de novas opções para onde não atua. “Queremos um Titan Tractor em ônibus”, revela Alouche, criando certa expectativa, referindo-se ao fenômeno de vendas vivido pelo caminhão no passado. A engenharia da MAN está agilizando os processos de nacionalização de produtos, tanto caminhões como ônibus.
Sem recorrer a nenhuma bola de cristal, Alouche concorda com estimativas que calculam o mercado em 2015 com volume 5% acima de 2014. E vê boas possibilidades no mercado de fretamento, mais diretamente no transporte de funcionários, que pode pressionar um pouco os volumes do segmento rodoviário.
Fonte: Transpoonline