Nem todos os casos de assaltos levam ao registro de Boletim de Ocorrência nas delegacias de Polícia Civil, mas o número de assaltos, nos últimos dez meses deste ano já chega a 635 (até terça, dia 21), segundo dados do Sindicato dos Trabalhadores do Transportes Rodoviários do Rio Grande do Norte (Sintro-RN). O caso de assalto mais recente ocorreu na noite da terça-feira (21), com o arrastão que envolveu pelo menos 40 passageiros da linha 73, que faz o percurso entre o conjunto Santarém, na Zona Norte e Ponta Negra, Zona Sul da cidade.
Segundo a Polícia Militar, os cinco assaltantes, entraram no ônibus da empresa Reunidas, numa parada em Igapó, antes da ponte, e anunciaram o assalto após o posto de fiscalização da PM, já bairro Nordeste. Os bandidos recolheram o dinheiro do caixa, com o apanhado do dia, e pertences pessoais dos passageiros, obrigaram todos a descer e efetuaram disparos em direção ao ônibus. Um tiro atingiu a lataria do carro, na lateral, pouco abaixo de uma das janelas.
O presidente do Sintro/RN, Nastagnan Batista, disse que em algumas áreas de maior incidência de assaltos, como a avenida Bernardo Veira à altura do Bom Pastor, “o número de assaltos chegou a zerar nas últimas três semanas” depois que se passou a ter uma presença mais constante de uma viatura da Polícia Militar nas imediações do Cimento Nassau.
“Mas agora os assaltantes migraram para a Zona Norte”, informou Nastagnan Batista, a respeito da mobilidade dos assaltantes toda vez que a PM reforça o policiamento ostensivo em determinada área da cidade, que semanalmente é objeto de avaliação com o aparelho de segurança público do Estado. “A gente se reúne, normalmente, toda sexta-feira”, disse ele.
Os dirigentes do Sintro vêm discutindo a questão da segurança no sistema de transporte coletivo desde 18 de agosto deste ano, quando houve a primeira reunião com o secretário estadual de Segurança Pública e Defesa Social, Eliéser Girão Monteiro Filho, depois que houve o recrudescimento do número de assaltos em ônibus.
Na ocasião discutiu-se a possibilidade de reimplantação do chamado “botão do pânico”, um dispositivo eletrônico que seria usado para alertar à Polícia sobre a ocorrência de crimes ou de assaltantes suspeitos dentro de ônibus, bem como se falou até na retirada de circulação de dinheiro em espécie como pagamento da tarifa e a exclusividade para o cartão de passagem, com o uso de 100% da bilhetagem eletrônica.
Enquanto não se implementa todas as medidas de segurança, como a instalação de câmaras de circuito fechado de TV ou a chamada “carona amiga” para policiais à paisana, a orientação da Sesed é que usuários e os profissionais do sistema de transporte coletivo denunciem os crimes pelo telefone 181.
Não é de hoje que motoristas e cobradores de ônibus cobram mais segurança das autoridades da área. Em 11 de junho de 2011, já se falava na instalação de 600 ‘botões do pânico’ na frota de ônibus de Natal, medida que depois não alcançou todos os veículos, e foi deixada de lado pelas empresas à pedido dos motoristas e cobradores que temiam represálias por parte dos assaltantes.
Embora as estatísticas apontem que o uso do botão reduz em 60% esse tipo de crime, 200 ônibus chegaram a contar, à época, com o sistema eletrônico de alarme conectado ao Centro Integrado de Operações de Segurança Pública (Ciosp), que hoje funciona na Escola de Governo, no Centro Administrativo de Lagoa Nova. Depois, a maioria foi desativado.
A Tribuna do Norte requisitou números atualizados sobre a ocorrência de assaltos dentro, fora dos ônibus, ou em paradas e terminais de transporte coletivo de Natal, mas o Sindicato das Empresas de Transportes Urbanos de Passageiros do Município de Natal (Seturn) informou que não podia liberar os dados por recomendação da Sesed. A reportagem solicitou os dados à Secretaria, que não os liberou até o fechamento desta edição.
Fonte e foto: Tribuna do Norte