Onze motivos para os ônibus terem cobrador

A permanência ou não de cobradores nos ônibus gera polêmicas e opiniões divergentes. De um lado, pensando obviamente na redução dos custos, empresários de ônibus defendem que hoje, com os sistemas de bilhetagem eletrônica, os cobradores praticamente não têm mais função dentro dos coletivos.
Na capital paulista, por exemplo, apenas 8% dos passageiros, segundo a SPTrans – São Paulo Transporte, gerenciadora do sistema, pagam em dinheiro.
Os empresários ainda dizem que a redução dos custos com a retirada dos trabalhadores poderia impactar nas tarifas de ônibus para o passageiro evitando futuros aumentos maiores. Também os donos de empresa alegam que esta mão de obra poderia ser aproveitada de outra maneira no próprio sistema de transportes. Já uma parte dos sindicatos dos rodoviários (alguns se compactuaram com os empresários) diz que o cobrador não pode ser considerado um profissional em extinção e que os sistemas não têm como absorver toda a mão de obra que seria dispensada.
As entidades sindicais alegam que a dupla função, pela qual o motorista dirige e cobra ao mesmo tempo, fere o artigo 28 do CTB – Código de Trânsito Brasileiro que determina que o motorista deve ter total domínio sobre o veículo que conduz, dirigindo com atenção e observando as normas de segurança.
Para especialistas em medicina de tráfego, a não ser em sistemas com corredores onde há o pré-embarque, quando o passageiro paga antes de entrar no ônibus, ou quando não há nenhuma possibilidade de pagamento em dinheiro, dirigir e cobrar tira tanto ou mais a atenção que dirigir e falar ao celular.
E mesmo quando há catraca eletrônica dentro do ônibus, o motorista deve estar atento às liberações de gratuidades, como de idosos, verificar os problemas nos validadores, que não são raros, prestar informações aos passageiros, o que acaba retirando a atenção.
Mas muito mais que evitar a dupla função, o cobrador tem outras “utilidades” dentro dos ônibus. É o que se propôs a mostrar o Sindicato dos Rodoviários de Mogi das Cruzes e região, na Grande São Paulo, que em seu portal lançou uma relação com onze motivos que considera “óbvios” para que os ônibus continuem com os cobradores:
1) O cobrador auxilia e opera o elevador do cadeirante, hoje item de acessibilidade no ônibus.
2) O cobrador fornece informações sobre endereço, localidade, e destino aos passageiros quando perguntado, não tirando assim a atenção do motorista.
3) O cobrador orienta o usuário a usar o validador e também fornece troco aquele que não tem cartão.
4) O cobrador auxilia a qualquer usuário que venha a passar mal no interior do veículo.
5) O cobrador junto com o motorista zela pela manutenção do ônibus, organização, qualquer eventualidade que vir a ocorrer no interior do ônibus.
6) O cobrador garante saídas mais rápidas de pontos lotados nos horários de pico, pois enquanto o motorista dirige ele cobra evita a fila dentro do ônibus.
7) Na espera do troco de nota acima do permitido pela empresa o cobrador providencia a tempo antes do passageiro descer. Não precisando assim incomodar o motorista que está dirigindo.
8) O cobrador auxilia o motorista no trânsito como em manobras, retrovisor e até mesmo no itinerário.
9) O cobrador é uma testemunha ocular e facilita a relação de possíveis fatos inusitados. (assaltos, brigas, discussões etc.)
10) É garantia de segurança pois com o cobrador, o motorista não será incomodado no seu percurso prestando atenção somente no trânsito. Para que não aconteça o que aconteceu no Rio de Janeiro quando um ônibus caiu do viaduto matando 8.
11) O cobrador auxilia o desembarque com segurança do passageiro com o fluxo invertido das portas (entra pela frente desce por trás), evitando assim desviar a atenção do motorista.
A discussão talvez ainda não tenha quem possui mais ou menos razão. No entanto, quanto mais elementos para o debate, tanto por parte de quem é a favor ou contra a permanência dos cobradores nos ônibus, a possibilidade de gestores públicos, sindicatos e empresas tomarem decisões corretas pode aumentar.

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