Um dos pontos acordados para que a tarifa do transporte público natalense fosse reajustada precisa ser cumprida até o final do ano pelos empresários e é muito aguardada pela população. Mas, será que vai ser cumprida?
Vamos aos fatos: Em julho, quando a Prefeitura autorizou o aumento da tarifa, de R$ 2,20 para R$ 2,35, dentre as ações que foram colocadas pelos lados envolvidos na negociação, foi colocada uma condição importante para que isso fosse possível: A adição, até o fim do ano, de 50 novos ônibus na frota das 6 empresas que operam as linhas natalenses. É algo primordial para que o transporte tenha uma melhor qualidade – afinal de contas, hoje pagamos uma tarifa cara para um transporte de baixa qualidade.
O problema é a forma como essa promessa será cumprida. Infelizmente, estamos caminhando para uma nova enxurrada de ônibus usados aportando no RN. Usados mesmo, caro leitor – não seminovos.
Estamos vendo isso claramente com o caso da Reunidas: Como será divulgado no próximo domingo, no quadro “Especial UNIBUS RN”, a empresa paraibana está renovando sua frota em Natal com ônibus que já estão rodando há 10 anos. Isso mesmo, 10 anos!
Os veículos em questão foram fabricados em 2004 e circularam, até pouco tempo, em João Pessoa, principal cidade de atuação do grupo empresarial que administra a Reunidas. De bom para o natalense, os ônibus só trazem seu tamanho, uma vez que são dotados de 3 eixos e maior espaço interno.
Tal situação só mostra o descompromisso das empresas em, mesmo estando em dificuldades (não podemos esquecer das, alegadas, dificuldades financeiras com uma tarifa congelada por mais de 3 anos), não tentar oferecer um transporte público de qualidade para o natalense. Ônibus velhos (A média de idade da frota das empresas se aproxima dos 6 anos, em média), quebrando sempre ou estando em mau estado de conservação e escassos são o retrato de nosso sistema de transporte, outrora referência nacional nos anos 1980. A população não aguenta mais e clama por ônibus novos, confortáveis e que tornem o sistema, como um todo, qualitativo.
É necessário um choque de atitude, por parte da STTU, para que as empresas possam proporcionar a qualidade que as pessoas querem no transporte. O ideal para isso seria repetir a atuação de 2009, quando cerca de 100 ônibus zero km aportaram em Natal, renovando grande parte da frota e aumentando-a, quando possível. Mas, só a atuação dos empresários não é o bastante: A prefeitura tem de fazer sua parte, reestruturando o sistema, via licitação, melhorando a malha viária da cidade, fazendo obras e programas estruturantes, por exemplo.
É bem verdade que as melhorias virão lentas. Mas, se a população fizer sua parte e cobrar dos envolvidos, com certeza teremos um transporte público melhor e justo na nossa cidade.