Fazer uma viagem e encontrar buracos de todos os tamanhos e formas no meio das rodovias é corriqueiro no Brasil. O incomum é quando o buraco está dentro do veículo. Pior é quando esse veículo é um ônibus e a empresa responsável por ele é concessionária de um serviço público. Na semana passada, o professor da Universidade Federal Rural do Semiárido (Ufersa) André Rocha se deparou com essa situação.
Ele saiu da rodoviária de Natal, por volta das 22h30, com destino a Pau dos Ferros. Até então tudo bem. O veículo parecia estar em condições razoáveis – até o ar condicionado funcionava. Depois de três horas de viagem, o ônibus da empresa Jardinense, alvo comum de reclamações de usuários do sistema de transporte intermunicipal do Rio Grande do Norte, quebrou. A empresa enviou outro ônibus para continuar a viagem. A diferença é que o veículo substituto tinha um buraco no meio do assoalho do corredor.
“O buraco estava tampado com uma placa de ferro, mas como não deve passar por manutenção há muito tempo, os parafusos não existiam mais e a placa ficou solta”, contou o professor. André Rocha acredita que a placa tenha se soltado no meio da viagem com o balanço do veículo. “Acho que apareceu durante a viagem. Eu fui ao banheiro e contornei o buraco”, acrescentou.
Segundo o professor, pelo espaço do buraco daria facilmente para passar a perna de um adulto desavisado. Ainda segundo ele, ninguém se machucou em função da avaria do corredor do ônibus.
Mas tal situação nos ônibus dessa empresa não é novidade. “São ônibus muito antigos, quebram durante a viagem, as poltronas estão quebradas, os botões para reclinar também vem quebrados, às vezes os ônibus já chegam na rodoviária sujos. Eu já peguei até barata dentro do ônibus”, contou.
O professor realiza a viagem Natal – Pau dos Ferros toda segunda e faz o percurso inverso nas sextas-feiras. André gasta cerca de R$ 250,00 por mês com essas viagens. “O que é mais revoltante dessa empresa é o que o ônibus nunca vai vazio, ou seja, dinheiro entra na empresa”, argumentou. Segundo ele, pelo menos em uma das viagens do mês o ônibus quebra.
Em algumas ocasiões, ele já teve que realizar a viagem em três ônibus diferentes. “Quando mandam outro para substituir é sempre de pior qualidade”, afirmou. O professor nunca fez uma denúncia formal contra a empresa por falta de tempo, mas ele lembrou que os demais clientes sempre discutem com os funcionários.
O professor também destacou que, em função de uma decisão judicial que cobrava qualidade no serviço, a empresa de ônibus direcionou os melhores veículos para a linha que liga a capital a Caicó. Mas os demais itinerários continuam com problemas. “Para você ter ideia de como os ônibus são velhos, eles ainda têm aquele cinzeiro no braço das poltronas. Só que a lei que proíbe fumar nos ônibus é de 1993. Isso quer dizer que, no mínimo, aqueles ônibus são de 1993″, analisou o usuário de transporte intermunicipal.
A equipe de reportagem tentou entrar em contato telefônico com a empresa Jardinense, mas ninguém atendeu às ligações. Também tentamos entrar em contato com o diretor de transportes do Departamento Estadual de Estradas de Rodagem (DER), Iranilton Matos. Mas a secretária dele informou que o diretor não estava na sala.
Fonte e foto: Jornal de Hoje