Apontada pelo Sindicato das Empresas de Transportes Urbanos de Passageiros de Natal (Seturn) como principal peça para reduzir a quantidade de assaltos a ônibus urbanos da capital potiguar, a eliminação do uso do dinheiro no transporte público da cidade é uma medida que vai demorar a ser implantada. Pelo menos é o que acredita Clodoaldo Cabral, secretário adjunto de Transporte da Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana (Semob).
Segundo Clodoaldo Cabral, antes de se pensar em eliminar de vez o uso de dinheiro nos ônibus urbanos de Natal, é preciso que se verifique a eficácia do sistema de bilhetagem eletrônica unificada que será usado tanto no transporte coletivo convencional (operado pelo Seturn) e quanto nos alternativos.
A questão, conforme o secretário, é que o contrato para implantação do sistema unificado de bilhetagem ainda será finalizado após reuniões para então ser assinado entre a Semob, o Seturn e o Sindicato de Transportes Opcionais Passageiros do RN (Sintoparn). “Depois de assinado o contrato, os dois sindicatos terão ainda um prazo de 60 dias para apresentar um projeto de execução da bilhetagem unificada, para só então ela ser implantada”, acrescenta Clodoaldo Cabral.
O adjunto da Semob ressalta ainda que, mesmo se comprovando a eficácia da bilhetagem eletrônica unificada, outros passos precisam ser tomados antes de se eliminar a circulação de dinheiro nos ônibus urbanos de Natal.
“Tem de haver uma campanha publicitária para explicar à população como isso funcionará e também não pode ser feito de uma hora para outra. Talvez seja necessário a eliminação gradual, em determinados horários. Os próprios operadores do transporte público devem apresentar ao executivo municipal formas de como isso seria feito, respondendo a certas perguntas: haverá locais onde o usuário poderá comprar o cartão a qualquer hora? O usuário que precisar pegar o ônibus mas não adquiriu o cartão terá como obtê-lo depois das 22 horas? Isso tudo precisa ser pensado”, pondera o secretário.
Sugestão do Seturn: A eliminação completa da circulação de dinheiro nos ônibus urbanos de Natal foi a principal sugestão do Seturn para reduzir os assaltos nos coletivos durante a reunião feita entre representantes da Segurança Pública estadual, rodoviários e empresários do transporte público da cidade, na última segunda (18).
Segundo dados apresentados nessa reunião pelo assessor jurídico do Seturn, Augusto Vale, a medida fez com que esses crimes fossem reduzidos a quase zero em Goiânia (GO) e Campo Grande (MS). “Nessas cidades, o uso do dinheiro nos ônibus foi proibido e a queda no número de assaltos ao transporte público foi bastante significativa”, enfatizou.
SINTRO é contra a eliminação do uso de dinheiro: O Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários do Rio Grande do Norte (Sintro/RN) é contra a eliminação total do uso de dinheiro nos ônibus urbanos de Natal. É o que declara a vice-presidente do sindicato, Maria da Paz. Medida é apontada pelo Sindicato das Empresas de Transportes Urbanos de Passageiros de Natal (Seturn) como a solução para reduzir a quantidade de assaltos que vêm ocorrendo no transporte público da capital potiguar.
O ponto principal de discordância com essa medida, segundo Maria da Paz, é a consequente extinção da função de cobrador nos ônibus de Natal. “Eu sou cobradora e sei que se isso acontecer, muitos trabalhadores como eu irão perder seu emprego. Quem sugere algo assim não pensa na categoria”.
A vice-presidente do Sintro/RN ressalta também que a parcela da população que não costuma usar o transporte público da capital pode ser prejudicada com a medida. “Imagine se o cidadão, de repente, precise pegar um ônibus e não tem o cartão eletrônico usado na bilhetagem. É bem provável que ele não vá conseguir entrar no coletivo. É preciso pensar nisso também”, pondera.
Com informações: Portal No Ar