Governo admite falta de recursos para abrir central do cidadão na rodoviária

Enquanto o serviço oferecido pelas unidades da Central do Cidadão funciona de maneira precária na cidade, com filas que obrigam os usuários a passarem madrugadas ao relento para garantir o direito às fichas e serem atendidas, no primeiro piso do Complexo Rodoviário Severino Tomaz da Silveira (rodoviária nova), recentemente reformado e com as instalações totalmente modernizadas, há um espaço reservado para receber mais uma sede do programa, mas o Estado afirma não ter o dinheiro para iniciar as obras, estimadas em R$ 700 mil.
O espaço isolado que a administração da rodoviária reservou para o Governo do Estado integra o pacote de reformas para revitalização do terminal. O processo foi iniciado em 2007 e faz parte das exigências presentes no edital de licitação que regulamentou o arrendamento do espaço à empresa Socicam por um período de 30 anos. O documento condicionava a cessão a uma reforma que deveria ser feita nas dependências da rodoviária no valor de R$ 2,6 milhões, mas, segundo o gerente do terminal, Rodrigo Wanderley, os gastos da empresa responsável já ultrapassam a casa dos R$ 4 milhões.
“A Socicam tem uma visão moderna e trabalha com melhorias constantes nos terminais. Já foi gasto mais do que a licitação obrigava, mas os investimentos fazem parte da rotina da empresa”, afirmou.
De fato, as mudanças no antigo Terminal Rodoviário Lavoisier Maia começaram já a partir do nome, que passou a Complexo Rodoviário Tomaz da Silveira, uma homenagem ao empresário fundador da Viação Nordeste. A estrutura do local foi totalmente remodelada, com modernas instalações tomando o lugar dos velhos bancos de alvenaria e redes internacionais de fast-food substituindo a lanchonete que anunciava o caldo de mocotó como “uma boa pedida”. Com uma dose razoável de distração, um turista mais desavisado pode até pensar que seu ônibus errou o caminho e encostou em um aeroporto, dada a aparência renovada da rodoviária.
A gestão do terminal revelou, ainda, que os tapumes ainda vistos no local são boxes que ainda não foram comercializados. “Inclusive, estamos em negociação para trazer alguma ‘loja âncora’ para a rodoviária, possivelmente uma grande loja de departamentos”, declarou o gerente.
A turista paulistana Vera Souza, que veio ao RN para visitar parentes no município de Pau dos Ferros, chegara do interior às cinco da manhã e decidiu esperar lá mesmo na rodoviária, a hora de seu voo de volta ao sudeste. Ela contou que já conhecia o terminal há anos, mas nas outras oportunidades sentia medo de transitar pelo local. “Quando cheguei do interior e vi o terminal novo, foi um choque. Está tão arrumado e confortável que preferi esperar aqui até a hora de ir para o aeroporto. Aqui tem variedades de opções para alimentação e preços melhores. Até os banheiros são excelentes, pude tomar banho e achei muito limpo e organizado”, elogiou.
Com duas unidades a menos, desde que as do Praia Shopping e da Cidade Alta foram desativadas, toda a demanda de Natal é dividida entre três Centrais – Alecrim, Zona Sul (Shopping Via Direta) e Zona Norte (Shopping Estação). O serviço, que deveria funcionar como uma maneira de facilitar o acesso da população a serviços essenciais – tirar a segunda via da carteira de identidade ou renovar a Carteira Nacional de Habilitação (CNH), por exemplo –, acaba gerando um sem-número de transtornos para os usuários.
Segundo Nelson Santos de Mendonça, responsável pela Coordenadoria de Atendimento ao Cidadão (Codaci), entidade vinculada à Secretaria Estadual de Justiça e Cidadania (Sejuc), que gere as Centrais, a cidade necessita de pelo menos mais duas unidades para normalizar a situação dos atendimentos.Uma dessas sedes poderia utilizar o já citado espaço da rodoviária, no bairro de Cidade da Esperança, Zona Oeste da capital – o projeto arquitetônico, inclusive, já está elaborado. O local reservado para instalação do serviço permanece isolado e pronto para receber o empreendimento, mas, segundo o titular da Sejuc, Júlio César de Queiroz, não há qualquer previsão orçamentária para que as obras comecem.
O Rio Grande do Norte conta atualmente com 19 Centrais do Cidadão, espalhadas em 17 municípios. São 1089 servidores trabalhando para atender quase meio milhão de pessoas todos os meses, uma média de aproximadamente 500 atendimentos por mês para cada funcionário.Esses índices, no entanto, são amenizados pelas Centrais do interior, onde há uma movimentação substancialmente menor.
Com informações: Novo Jornal

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