Mercedes-Benz projeta queda de até 18% no mercado de ônibus

A Mercedes-Benz avalia que o segundo semestre de 2014 não será capaz de compensar a retração das vendas de ônibus registrada na primeira metade do ano. Entre janeiro e junho o mercado nacional absorveu 13,3 mil unidades, volume 13,7% inferior ao do mesmo intervalo de 2013. Na análise da fabricante, esta queda deve se aprofundar e ficar entre 15% e 18% no fechamento do ano, com no máximo 27 mil chassis.
Ainda assim, Walter Barbosa, diretor de vendas e marketing de ônibus, trabalha para que a Mercedes-Benz chegue ao fim de 2014 com retração bem menor nos negócios e aumento de participação no mercado. “Espero que a nossa queda chegue, no máximo, a 5%”, detalha. De janeiro a junho a companhia reduziu os negócios em 2,2%, para 5,7 mil unidades, segundo dados da Anfavea. A queda foi a menor entre as montadoras com atuação no segmento. Assim a companhia abocanhou 5 pontos porcentuais de participação e respondeu por 42,6% do total vendido no País.
Barbosa aponta que todas as categorias de ônibus sofreram queda nas vendas no início do ano, como reflexo do menor número de dias úteis e dos problemas para a liberação de crédito do Finame no início do ano. Alguns segmentos, no entanto, tiveram tombos mais expressivos. Um deles é o de modelos voltados ao transporte escolar.
Segundo o executivo, houve redução das compras governamentais do programa Caminho da Escola. O programa lançado em 2007 faz licitações para a aquisição de, em média, 4 a 6 mil unidades por ano desde então. No ano passado esse volume teve pico, chegando a 10 mil veículos. Depois da aceleração, 2014 enfrenta quebra no ritmo, com a aquisição de entre 3 mil e 3,5 mil chassis.
O diretor da Mercedes-Benz enfatiza que, ainda que o governo tenha diminuído o ritmo das compras este ano, o Caminho da Escola é responsável por mudar o cenário do mercado de ônibus no País. “Já virou uma política de estado. Estas compras continuarão sendo feitas”, acredita. O executivo calcula que as aquisições de ônibus já somaram 40 mil unidades nos cinco anos do programa e acredita que, em breve, começará a etapa de renovação dessa frota, o que garantirá que a demanda permaneça aquecida. “Estou muito otimista com o segmento de ônibus escolar.”
Os veículos com aplicação rodoviária compõe outra categoria que acumulou retração expressiva no primeiro semestre de 2014. Barbosa aponta que as vendas do mercado total caíram significativos 26% no período na comparação com o mesmo intervalo do ano anterior. Para o diretor, a baixa é consequência de mudanças feitas no modelo de concessão das linhas de ônibus interestaduais. “Ao invés de vencer licitação as empresas deverão ter agora uma autorização.”
O executivo acredita que o novo formato vai simplificar os negócios, mas ele depende de regulamentação das questões técnicas que só serão feitas em 2015. Levantamento da Mercedes-Benz indica que a frota brasileira de ônibus interestaduais soma 14,2 mil unidades com idade média de 9,2 anos. “O objetivo é baixar esse número para cinco anos, o que abre a necessidade de comprar 8 mil veículos nos próximos anos. Isso gera otimismo para o segmento”, explica Barbosa.
Perspectivas: O diretor da área de ônibus da Mercedes-Benz admite que não esperava queda tão brusca nas vendas de modelos rodoviários no primeiro semestre. Para ele, o grande desafio seria enfrentado no segmento de chassis urbanos por causa da pressão popular por manter as tarifas baixas. As vendas desta categoria, no entanto, apresentaram a menor queda entre os ônibus de janeiro a junho, de 3% no mercado total. Com as eleições em outubro, o segundo semestre deve interromper este ritmo.
Apesar da retração, Barbosa é otimista acerca da expansão do segmento nos próximos anos. “O Brasil é o terceiro mercado de ônibus global e hoje o transporte público é uma vitrine”, explica, destacando o interesse dos governantes em investir no setor.

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