Uma motorista de ônibus em Santos, no litoral de São Paulo, tem conquistado os passageiros com seu jeito irreverente. De batom vermelho, unhas azuis e um cabelo bem cuidado, Irene Hinckel da Silva, de 63 anos, conquistou fama na Baixada Santista e chega até a ser chamada de ‘gatona’ por alguns passageiros. Além de dar troco, informações0 e dirigir, tudo isso ao mesmo tempo, ela encontra tempo entre um ponto e outro para ver se está tudo bem com o visual. Feliz com o reconhecimento, ela também não abre mão do seu casaco rosa, brincos exuberantes e uma boa dose de maquiagem.
Dona Irene, como gosta de ser chamada, nasceu na cidade de Lages, em Santa Catarina, mas veio para Santos há cerca de 40 anos. Desde então, passou a exercer a profissão. “Minha família toda trabalha como motorista. Dos meus 12 irmãos, sete são motoristas ou caminhoneiros. Três mulheres são motoristas. Tenho três filhos e o caçula é caminhoneiro”, explica.
Ela conta que foi uma das mulheres pioneiras a trabalhar como motorista e que acabou sofrendo bastante preconceito por causa disso. “Quando eu comecei só tinha uma motorista mulher. Tinha muita discriminação. Todos diziam que eu estava em um serviço feito para homens. Eles não gostavam muito da gente trabalhando”, comenta.
O preconceito acabou incentivando Dona Irene. Ela, que sempre foi vaidosa, passou a se arrumar ainda mais para trabalhar. “Sempre procurei trabalhar bem feminina para separar bem os homens das mulheres. Quero que os passageiros vejam que, apesar de ser motorista, posso ser vaidosa, me arrumar e me cuidar”, afirma.
Usar roupas diferentes dos outros trabalhadores dos ônibus logo gerou comentários entre os passageiros e motoristas. Segundo ela, as outras mulheres já pegaram dicas de como se vestir. “Hoje me sinto muito orgulhosa de ter inspirado essas outras motoristas. Já falei com as colegas, falo para elas usarem o coletinho da empresa para que a gente fique mais arrumada, mais feminina”, finaliza.
Fonte e imagem: Blog do Caminhoneiro