Natal vive mais uma greve dos rodoviários e os transtornos são enormes para a população. Terminais fechados (como o da Cidade da Esperança, na foto abaixo) ou com funcionamento reduzido foram comuns hoje por toda a cidade, prejudicando a rotina de quem vai trabalhar ou está visitando a cidade.
Por isso, para melhor entendermos como a situação chegou a tal ponto, o UNIBUS RN vem tentando o contato com os envolvidos para obter suas versões. Enquanto a SEMOB nem o SINTRO atenderam nossas ligações, o consultor técnico do SETURN, Nilson Queiroga, gentilmente atendeu a nossa equipe.
Durante sua fala, Nilson sempre bateu na tecla de que a Prefeitura precisa agir para que o movimento possa ser encerrado. “O município vem reagindo de forma silenciosa, com omissão e não faz a sua parte, que é encontrar alternativas para o sistema manter-se em equilíbrio”, disse o consultor do Sindicato das Empresas de Transporte Urbano de Passageiros de Natal.
Confira abaixo a entrevista concedida por Nilson Queiroga ao UNIBUS RN:
UNIBUS RN: Qual a avaliação que o SETURN está fazendo da greve até o momento?
Nilson Queiroga: Ontem [Quinta-feira, 12] não houve conciliação buscada na Procuradoria do Trabalho e, com isso, ajuizamos o dissídio coletivo, pedindo também a ampliação da frota de emergência para 70% nos horários de pico e 50% nos demais horários [Liminar concedida ontem pelo TRT atende ao pleito do SETURN]. Como o pedido foi deferido, o SETURN espera que a ordem seja cumprida por parte dos trabalhadores.
Além da ação judicial, o SETURN pretende tomar alguma outra atitude para encerrar a greve?
As empresas ficaram impossibilitadas de conceder o reajuste que os trabalhadores pleiteiam. Isso em virtude de a SEMOB não ofereceu quaisquer condições ou alternativas para que as empresas atendessem ao pedido de reajuste. Além disso, as empresas estão há 41 meses, precisamente, sem a atualização da planilha tarifária. Com isso, esse já é o quarto ano que ocorrem reajustes salariais e o que se vê é a Prefeitura não cumprindo suas promessas e o seu dever legal, que é manter o equilíbrio econômico-financeiro do sistema de transporte.
Qual a posição do SETURN sobre a retirada da Prefeitura da mesa de negociação?
O município vem reagindo de forma silenciosa, com omissão e não faz a sua parte, que é encontrar alternativas para o sistema manter-se em equilíbrio. Desta vez, buscamos a desoneração da tarifa, a concessão de subsídios – que a Prefeitura busque que as gratuidades do sistema não sejam pagas pelo usuário que paga a passagem inteira –, que se chegue a uma solução para a Prefeitura ressarcir os prejuízos que as empresas estão tendo nesses 41 meses sem reajuste e que sejam feitas novas faixas exclusivas para ônibus [Atualmente, só existem faixas exclusivas nas avenidas Bernardo Vieira e Rio Branco]. Tudo isso vai favorecer a manutenção e o equilíbrio econômico-financeiro do sistema.
O que o senhor tem a dizer, como representante do SETURN, a população diante do transtorno causado pela greve?
É lamentável essa situação. O município, que é responsável pelo serviço, não vem fazendo sua parte. O que esperamos é que o executivo busque alguma alternativa, busque o diálogo – já que ele vem se posicionando com omissão e alheio ao problema. O serviço de transporte é público, constitucionalmente, e é definido como essencial a população e esperamos restabelecê-lo em breve.
Por Andreivny Ferreira