Garagem.com: Na beira do penhasco, ou dentro dele?

Milhares de natalenses sofreram com as paralisações dos ônibus ocorridas no último mês de maio, inclusive quem não utiliza o ônibus como meio de transporte. A desculpa das paralisações é aquela velha estória de salário, auxílio isso, auxílio aquilo. Que é merecido! Porém, foi ventilado também que por trás das paralisações havia uma razão política. Que faz sentido!

Acontece que o natalense está farto desses desrespeitos com o direito de ir e vir, previsto na Constituição, que por sinal é muito desrespeitada. Ora essa, quando não são os alternativos, são os ônibus? Travando a cidade ao bel prazer? Que falta de cidadania! O pior de tudo é que quem sofre, para variar, é quem transita pela cidade.

Essas paralisações envolvendo os ônibus urbanos deveriam acontecer de forma mais inteligente. Se o objetivo é prejudicar os empresários, que os ônibus circulem embarcando pela porta traseira, transportando de graça, desperdiçando óleo diesel. Mas nessas horas os rodoviários parecem se acovardarem, temendo retaliação por parte dos empresários, o que realmente precisa ser levado em consideração. Infelizmente ainda é mais fácil colocar a culpa no Sintro.

Os empresários por sua vez, se em Natal, apenas têm deixado de lucrar quando ocorre uma paralisação. Prejuízo, talvez – talvez mesmo – só no Lucro Líquido. Já acreditei numa crise real e cheguei a defender uma tarifa mais cara em prol de uma melhoria nos transportes. Mas para quê? Pra ser transportado num chassi de caminhão travestido de ônibus? Dispenso. Só acredito em crise nos transportes quando tiver acesso às planilhas financeiras de todas as empresas. Mas isso não deve acontecer.

Os rodoviários querem aumento, os empresários querem tarifa mais cara (provavelmente para manter as atuais péssimas ações operacionais, néscias e desprovidas de qualquer senso de compaixão pelo cliente), a Prefeitura vai segurar o aumento na tarifa e não quer manifestações nas ruas, e o povo, no entanto, quer um transporte melhor (que seja pontual, feito por veículos confortáveis, acessíveis e disponíveis). Quantos conflitos de interesse!

Mas, não acredito que o transporte público na nossa cidade esteja à beira de um penhasco, dela já se passou. O transporte está no fundo dele. Dá para ficar pior do que está? Difícil imaginar. O lado bom de tudo isso é que o que pior não fica, tende a melhorar.

Por Rossano Varela

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