O filme está se repetindo. Às vésperas da Copa do Mundo, as manifestações estão voltando a tomar conta do país. Em várias capitais, o mês de maio vem registrando mobilizações.
Todas elas possuem o mesmo motivo: a melhoria do transporte público. Mas, desta vez, não são movimentos sociais nem quem quer a melhoria do sistema: são os próprios operadores.
País afora, motoristas e cobradores pedem reajustes salariais e melhores condições de trabalho. Várias capitais sofreram por conta dos protestos. São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador e, ontem, Fortaleza, praticamente pararam pelo fato de não haverem ônibus nas ruas. Nesta semana, Natal também teve atos semelhantes.
É inegável que os movimentos são legítimos. Afinal de contas, todo e qualquer trabalhador, seja ele de qual área for, merece melhores condições de trabalho e ser bem remunerado pelo o que faz. Na área de transportes principalmente: além de ser um ramo estressante, são muitas vidas sob a responsabilidade de um condutor.
Porém, a forma como esses protestos estão sendo feitos é o que está prejudicando as pessoas.
As cidades travaram durante o mês. São Luís vai hoje para o oitavo dia sem nenhum ônibus circulando. São Paulo e Rio de Janeiro penaram em greves parciais. Em Salvador, até o trânsito teve problemas, pois os ônibus foram sendo deixados em vários pontos da cidade.
O direito de ir e vir das pessoas foi gravemente violado nessas cidades. É uma afronta a Constituição. Claro, é justo o movimento. Mas, deveria ser respeitada a mobilidade da população. Cidades travaram, vendas deixaram de ser feitas, compromissos desmarcados, consultas médicas perdidas. Um verdadeiro absurdo.
Outras formas de protesto devem ser pensadas. Em vez de bloquear vias importantes, protestem em frente a prefeitura ou o órgão do trabalho mediador. Em vez de ordenar o desembarque das pessoas, utilizem a Catraca Livre. Em vez de despertar a ira do povo, traga quem está por perto para o seu lado.
O bom senso deve prevalecer nessas horas. Os rodoviários tem de entender que a reivindicação que pleiteiam é justa, mas que a forma como pretendem conseguir o que querem não pode prejudicar quem não tem a ver com o que se passa. Formas melhores de se protestar são válidas e bem vindas pela sociedade.