A cidade de Natal deixou de receber um reforço de 240 novos ônibus na frota que presta o serviço de transporte coletivo à população, nos últimos dois anos, devido à falta de entendimento entre o Sindicato das Empresas de Transportes Urbanos de Passageiros da capital (Seturn) e a Prefeitura do Município. Por determinação do Poder Executivo, a entidade patronal mantém o preço das passagens congelado em R$ 2,20 desde 2011, enquanto em 2014 o piso salarial dos trabalhadores deve chegar ao quarto reajuste no mesmo período.
O valor que deixou de ser investido no sistema urbano de transportes chega a R$ 72 milhões, segundo informações do Seturn. Os empresários do setor solicitam que a prefeitura dê condições para que o sistema possa se manter em funcionamento, seja através de isenção fiscal ou da permissão para aumento nos bilhetes, já que “as companhias não têm capacidade para absorver mais um aumento salarial sem que haja recomposição dos recursos financeiros”, conforme detalhou o diretor jurídico da entidade, Augusto Maranhão Filho.
O assunto foi debatido em audiência realizada no último dia 26, que reuniu representantes do Seturn, dos funcionários das empresas e da Prefeitura de Natal. No mesmo contexto, o Sindicato dos Proi ssionais de Transporte do Rio Grande do Norte, que reúne motoristas e cobradores das linhas de ônibus que operam na cidade, não descarta a possibilidade de paralisar as atividades durante o período da Copa do Mundo, que tem Natal como uma das cidades-sede, caso as negociações salariais referentes à data base 2014 não tenham andamento satisfatório para a categoria.
“Não nos interessa se a prefeitura vai desonerar os impostos ou liberar o aumento das passagens para as empresas, só esperamos que a questão seja resolvida o mais rápido possível, caso contrário, a possibilidade de greve durante a Copa do Mundo é real. Não queremos isso, mas será feito, se necessário”, disse Nastagnan Batista, presidente do Sintro.
A associação sindical estabeleceu o dia 06 de junho próximo como limite para que a situação seja dei nitivamente resolvida. Durante o encontro, realizado nas dependências da Delegacia Regional do Trabalho (DRT), o Seturn enfatizou que não poderá cumprir qualquer solicitação dos trabalhadores caso a Prefeitura não ofereça uma compensação aos empresários. Inclusive foi essa situação que motivou o convite inédito feito ao Executivo, para participar das negociações anuais entre as duas associações.
“Nós sempre resolvemos diretamente com os funcionários, mas chegamos ao limite das possibilidades. Estamos operando no vermelho há muito tempo, é impossível continuar assim, o sistema não aguenta. A prefeitura precisa participar das negociações exatamente para mensurar o impacto que as negociações salariais causam às empresas”, enfatizou o representante do Seturn.
Rodoviários cobram reajuste salarial: O sindicato dos trabalhadores no transporte público formalizou 72 cláusulas ao todo, no documento que determina as negociações salariais do exercício 2014.
Dentre o que está sendo revindicado na pauta, se destacam um reajuste de 16% no piso salarial da categoria, que hoje é de R$ 1.451,75 e passaria a ser de R$ 1.683,00; o fim da dupla função para motoristas que também trabalham como cobradores; e um aumento no auxílio refeição de R$ 197,55 para R$ 450,00.
Quanto à situação enfrentada pela associação patronal, o representante dos funcionários das empresas de transporte público declarou ter ciência das dificuldades nas negociações com a prefeitura, mas se absteve de registrar qualquer comentário acerca das questões tarifárias.
Fonte: Novo Jornal
