Estudantes da comunidade do Jucuri, zona rural de Mossoró, mais uma vez enfrentam problemas relacionados ao transporte escolar. Desde o último dia 12, o motorista responsável pelo deslocamento dos discentes à zona urbana, alegando falta de pagamento por parte do Governo do Estado, não está desenvolvendo suas atividades.
“O Governo ficou devendo os meses de novembro e dezembro de 2013, e até agora não pagou nada referente ao ano escolar de 2014, não tenho mais condições de continuar trabalhando sem receber?”, diz Hélio Bevenuto, motorista e proprietário do ônibus que executa o transporte de alunos do Jucuri.
Além do Jucuri, o motorista também percorre as comunidades de Pedra Branca, Cabelo de Negro e Recreio, totalizando 56 alunos por viagem diária. “Levo estudantes que estão no ensino médio, ou seja, aqueles que frequentam o 3º ano são os mais prejudicados, pois irão prestar vestibular, Enem, mas infelizmente não tenho mais condições de continuar na ativa sem receber o que é meu de direito”, enfatiza.
Conforme o motorista, o problema se estende para outros transportes que realizam o trajeto zona rural/urbana diariamente. “Tem muita gente nessa mesma situação, com atrasos até maiores do que o meu, mas, infelizmente, têm receio de procurar a imprensa, dizer o que realmente está acontecendo. Só volto a fazer o transporte dos alunos quando receber o que me devem”, pontua Hélio Bevenuto.
Protesto: Na manhã do dia 21, dezenas de moradores do assentamento Recanto da Esperança, localizado na comunidade de Alagoinha, se reuniram para protestar e cobrar uma solução urgente para o problema, iniciado na semana passada.
“Tanto investimento que está sendo feito para a Copa, por que não investem em educação? Estou perdendo aula diariamente, conteúdo que será cobrado em provas a partir da próxima semana. Cada minuto de aula perdido não será recuperado, e ninguém faz nada para mudar isso. Sem falar que todos os anos é a mesma coisa, o governo deixa de pagar, e a empresa deixa de fazer o transporte”, desabafa a estudante Larissa Raquel, aluna do 1º ano do Ensino Médio da Escola Estadual Abel Coelho.
Além do assentamento Recanto da Esperança, estão sendo prejudicados alunos das comunidades do Coqueiro, Lajedo, Arisco, Senegal, Bom Destino, Montana, Oiticica, entre outras. “São mais de 100 alunos que não podem assistir a aula porque não há transporte. Fazemos um apelo ao governo, para que essa situação seja resolvida o quanto antes, pois, segundo relatos, desde novembro, dezembro, que o pagamento não é feito à empresa que realiza o transporte”, relata o vice-presidente do Conselho Comunitário do Recanto da Esperança, Assis Amorim.
Com dois netos matriculados em uma escola da zona urbana de Mossoró, a agente comunitária de saúde Maria Lúcia conta que não possui recursos financeiros para pagar um táxi que desloque os estudantes diariamente. “Eles cobram agora R$ 18 por pessoa, você acha que temos condições? Não só eu, como todo mundo aqui, sem falar nos custos que já existem. Os alunos já foram prejudicados com a greve, e agora não podem assistir a aula por causa da irresponsabilidade do Governo”, argumenta.
Em contato com a equipe de reportagem do jornal O Mossoroense, a assessoria de imprensa da Secretaria de Estado da Educação e Cultura (Seec) informou que o processo de pagamento à empresa contratada para o serviço de transporte escolar na cidade já está na Controladoria Geral do Estado, e que até o final desta semana será liberado.
Fonte: O Mossoroense