Projetos de BRT incentivam investimentos

Os projetos de corredores exclusivos para ônibus urbanos dentro das programações para as cidades sede da Copa do Mundo de futebol 2014 (muitos ainda não concluídos ou iniciadas suas obras) demandarão R$ 12 bilhões em investimentos do Governo Federal, na construção da infraestrutura necessária para a operação dos serviços e renovação da imagem dos sistemas.
Pelo lado da iniciativa privada, R$ 6 bilhões serão investidos em veículos e tecnologia de controle operacional e também de informações aos passageiros. A questão mostra que se há interesse na prioridade ao transporte coletivo, onde o desempenho e a eficiência das operações são o grande mote nos serviços urbanos, o operador se dispõe a investir, afinal, ele alcança otimização em suas atividades e a qualidade nas viagens tende a aumentar.
Com 85% da população vivendo em cidades, é essencial a melhoria contínua e o aumento da capacidade produtiva do transporte coletivo. Como sabemos, o ônibus é uma importante peça nessa engrenagem do desenvolvimento das cidades e sua participação é fundamental para que haja equilíbrio ambiental (uma frota de ônibus operada em um modelo moderno de serviço, com vias exclusivas, pagamento antecipado e viagens mais rápidas, proporciona a retirada de um volume significativo de automóveis das ruas, com redução expressiva na emissão de gases poluentes).
Vivemos em uma economia de mercado, em que agregar valor, agrega-se custos, em todos os setores. Na questão da transformação do transporte exige-se uma nova visão de que a melhoria dos sistemas deve proporcionar equilíbrio financeiro ao investidor/operador. As passagens e consequentemente os usuários, não devem arcar com todos os custos, que ainda envolvem as gratuidades concedidas à determinados setores da sociedade. E a tarifa tem sido o principal argumento de manifestações públicas. É preciso pensar e compreender que serviços não sobrevivem de faturamento zero.
Se o intuito é uma evolução do modelo de transporte coletivo feito pelo ônibus, a subvenção pública é um item que deve ter presença na pauta de uma agenda dos governantes públicos. Para os envolvidos com o aperfeiçoamento da mobilidade urbana em prol do modelo coletivo, a Lei de Mobilidade Urbana, Lei n° 12.587 de 2012, estabelece que a diferença entre tarifa pública e a operacional deve vir de mecanismos oriundos de orçamento ou recursos próprios que promovam a cobertura dos custos requeridos. Na Europa, há o subsídio governamental adotado em muitas cidades, que cobre mais de 50% do valor das passagens, garantindo ao usuário dos sistemas a inclusão ao transporte e um nível satisfatório de qualidade nas viagens.
O projeto de Lei n°310/2009, que criará o Regime Especial de Incentivos para o Transporte Coletivo Urbano e Metropolitano de Passageiros (Reitup), é uma alternativa direta para a redução dos valores das tarifas, pois prevê desonerações nas três esferas de governo ligado ao investimento em qualidade por parte das empresas operadoras. E ao permitir que haja uma operação prioritária dos ônibus nas vias urbanas, essas medidas podem alcançar, em médio prazo, algo muito próximo à situação vivida nos países europeus.
As definições dependem dos governos e da cobrança da sociedade para que a tão sonhada mobilidade urbana possa garantir uma realidade bem diferente do que acontece com as médias e grandes cidades.

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