Mobilidade urbana, a maior promessa e a maior decepção da Copa

Prometidas como um dos maiores legados para a população deixados pela Copa do Mundo 2014 no Brasil, as obras de mobilidade urbana apresentam os maiores atrasos. Apenas 10% de tudo o que foi prometido para melhorar o ir e vir dos turistas e da população depois do evento esportivo foram feitos nas cidades-sede. E uma parte destas obras ainda está incompleta.
São melhoramentos de ruas, avenidas,construção de corredores de ônibus, monotrilhos, VLTs – Veículos Leves sobre Trilhos e de sistemas de Metrô. Estas obras fazem parte da “matriz de responsabilidades” para a Copa entre Governo Federal, estados e municípios.
A primeira matriz foi firmada em 2010 e depois alterada, se tornando mais flexível. Mesmo assim, os atrasos preocupam.
Em São Paulo, a maior parte das obras de mobilidade foi concluída, mas o transporte coletivo não teve prioridade. A nova sinalização dos trens da linha 3 Vermelha do Metrô, que permitiria menor distância entre as composições e mais oferta, só vai ficar pronta em 2015. Um corredor de ônibus na Radial Leste, apontado como essencial para desafogar o metrô e os trens da CPTM na região, não tem previsão, apesar de promessas. A prefeitura de São Paulo enfrenta entraves políticos, jurídicos e administrativos para a realização da meta de 150 quilômetros de corredores até 2016.
O VLT – Veículo Leve sobre Trilhos, de Cuiabá, que deveria ligar o aeroproto à região central, só vai ficar pronto depois do mundial. Em Curitiba, o corredor de ônibus entre o aeroporto e as proximidades do estádio também teve as obras atrasadas. As empresas que iam fazer a obra não receberam e rescindiram os contratos. Em Fortaleza, vários projetos de corredores de ônibus foram deixados para depois e a mudança do projeto do VLT também comprometeu a entrega das obras. Em Salvador, a prefeitura diz que o BRT inviabilizaria o metrô, mas os próprios técnicos da prefeitura apontaram em relatório, a necessidade dos dois modais parta atender à população, com poucas adequações do corredor de ônibus. Em Porto Alegre, também haverá atrasos nas obras de corredores de ônibus.
A pergunta que fica é: Se não houve agilidade e comprometimento antes da Copa, que mexe com a imagem do Brasil para todo o mundo e exige intervenções urgentes, depois da Copa como será o ritmo das obras de mobilidade?
Em relação às obras gerais, contando estádios e aeroportos, por exemplo, das 167 anunciadas, 68 intervenções, ou 41%, estão prontas. Outras 88 obras – 53% – sequer saíram do papel ou vão ser entregues só depois da Copa, apesar de estarem na matriz de responsabilidades. Onze projetos foram abandonados, como o Terminal Rodoviário de Itaquera, em São Paulo.

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