Reestruturar o transporte público é necessário. Mas, Mossoró conseguirá com o lançamento de uma “licitação seguindo modelo de Curitiba”? É o que tem sido noticiado, embora as informações de investimento para o setor estejam desencontradas desde o resultado das eleições, quando um pacote de melhorias foi anunciado – como geralmente se faz. Assim como Cláudia Regina (DEM), o prefeito recém-eleito Francisco José Júnior (PSD) anunciou o transporte público como uma de suas quatro prioridades.
Na verdade, o plano municipal para melhorar o transporte coletivo tem dois momentos: um de curto; outro de médio prazo. O primeiro diz respeito à licitação para concessão de novas linhas, prevista para daqui a um mês, com a finalidade de cumprir a estratégia de aumento emergencial da frota. Atualmente, Mossoró conta 17 ônibus, um número pífio para uma cidade com cerca de 280 mil pessoas (estimativa para 2013 do IBGE). Após o processo, espera-se que a quantidade de veículos por aqui pule para 60.
A capital paranaense servirá de modelo não para essa licitação, mas para o projeto de médio prazo, quando o Executivo quer reestruturar completamente o setor. A referência, contudo, virá também de Campina Grande (PB) e Caruaru (PE) – assim como Mossoró, cidades nordestinas de médio porte, mas com a diferença de que conseguiram desenvolver seu transporte público.
Em comum, elas têm a criação de uma autarquia para gerir o setor com mais autonomia, linhas integradas e ônibus numa quantidade dentro do mínimo necessário. A segunda maior cidade potiguar tende a transformar tais projetos em objetivos.
Representantes da Prefeitura – como o subsecretario de Trânsito e Transporte, Chalejandro Ponte – agendarão uma visita aos três municípios mencionados em busca do know-how para tornar realidade uma melhoria que tem sido almejada há décadas por diferentes gestões: tornar o transporte público local minimamente viável.
Para isso, o governo deve lançar mão de subsídios para o setor, num cálculo não tão simples. Seguindo o modelo de Curitiba, Mossoró passaria a pagar as empresas por quilometragem e as tarifas pagas pelos usuários teriam como destinatário final o Município.
Numa estimativa grosseira feita pela Subsecretaria de Trânsito e Transporte a pedido do Jornal de Fato, haveria R$ 300 mil para veículos que fizessem 500 viagens por mês, mantidas as atuais condições de baixíssimo uso de ônibus pelos mossoroenses.
Evidentemente, esse número pode variar não só por quilometragem, mas também por quantidade de passageiros e trajetos. Ônibus em que a procura ficariam de fora ou com menos estímulo financeiro; os que fazem percursos menos populares teriam uma fatia maior desse bolo para manter a linha, com um serviço de qualidade.
Fonte: Jornal de Fato