A Câmera JH acompanhou o transporte clandestino em Belo Horizonte e Teresina. Motoristas sem autorização levam passageiros para outras cidades e até para outros estados. Uma lei mais rigorosa contra essa prática está em vigor, mas falta fiscalização.
A punição está maior, desde o mês passado. Em vez de um dia de apreensão, o carro pirata fica sem circular por 72 horas. A empresa clandestina tem que pagar multa e agora também é obrigada a dar alimentação e hospedagem para os passageiros, até que eles sejam levados de volta pra casa.
O consultor de trânsito Osias Baptista acha pouco. “Esse custo que ele tem de ficar sem o veículo e ter que pagar, se isso acontecer uma vez por ano, duas vezes por ano, para ele ainda é rentável fazer o serviço. Então, isso tem que acontecer com mais frequência. Ou seja, isso só é real, só é efetivo se a fiscalização for adequada”.
O Departamento de Estradas e Rodagens (DER) disse que apreende os carros ou ônibus irregulares e cobra multa de R$ 1.200. Se o motorista for pego de novo, esse valor dobra.
Flagrantes: Agenciadores atuam em frente à rodoviária de Belo Horizonte. Eles gritam e oferecem passagens mais baratas, a R$ 70. O produtor da Câmera JH investigou a viagem clandestina, que era feita em um carro pequeno. O motorista contou que faz o percurso de 300 quilômetros duas vezes por dia.
Entre as infrações cometidas pelo motorista estão: dirigir e falar ao celular, não usar cinto de segurança, andar com pára-brisa trincado. A preocupação dele é convencer o passageiro sobre as vantagens do transporte clandestino.
Motorista: Cê ta doido. Lá dentro ta R$ 90, moço.
Passageiro: Mas lá é R$ 90, mas você vai no ônibus, né.
Motorista: Uai, e o que tem? Qual a diferença?
Passageiro: O seguro, uai.
Motorista: Seguro de quê?
Passageiro: Bagagem, seguro acidente.
Motorista: O seguro lá é o mesmo disso aqui, rapaz. É aquele segurinho do DPVAT, que você paga todo, que é obrigado a pagar, o seguro de carro.
No anel rodoviário que corta Belo Horizonte, a equipe do Jornal Hoje flagrou uma van que tem a marca Embratur levando passageiros a um ônibus clandestino. Uma mulher se identifica como agente de turismo. Ele recebe dinheiro dos passageiros que vão para o leste de Minas Gerais. O produtor pergunta ao motorista sobre a fiscalização. Segundo ele, é só pagar ‘dez real’ para a Polícia Rodoviária Federal.
A polícia de Minas Gerais admitiu que um mau policial pode receber pagamento e permitir a liberação do veículo, mas disse que toda vez que recebe uma denúncia como essa, apura, abre um processo administrativo e se tudo for comprovado, o policial é punido.
A Câmera JH também flagrou a ação de taxistas fazendo viagens clandestinas no Piauí. O alvará é para trabalhar somente em Teresina, mas o motorista faz viagens até para outros estados. Ele cobra R$ 15 por pessoa e só parte quando enche o carro.
Nossa equipe embarcou para Caxias, no Maranhão, uma viagem de 70 quilômetros. O carro, lotado, estava com seis passageiros, mais o motorista. A capacidade máxima é de cinco pessoas. “Se não couber os quatro, vai dois aqui na frente”, disse o motorista.
A Polícia Rodoviária Federal do Piauí disse que existem dez postos de fiscalização no estado e que tem convênio com a Agência Nacional de Transporte Terrestre para multar esses motoristas.
Fonte: Jornal Hoje (TV Globo)