Depois de um longo período de inércia em investimentos na mobilidade urbana brasileira, três capitais apostaram na reformulação de seus sistemas de transporte público com projetos estruturados para os serviços de ônibus. É de conhecimento público que por muitos anos os governantes deixaram de lado um fator essencial no desenvolvimento urbano ao não promover prioridade ao transporte coletivo, focando apenas em ações para o transporte individual motorizado, com consequências negativas hoje sentidas pelos habitantes das médias e grandes cidades do Brasil. Por outro lado, a esfera federal de governo propiciou um estímulo ao uso do automóvel por meio de concessões de créditos em suas aquisições sem ao menos instituir políticas que valorizassem a mobilidade coletiva.
Entretanto, o transporte feito pelo ônibus urbano mostra que pode ser renovado, oferecendo uma qualidade que os usuários tanto solicitam em seus deslocamentos. Exemplos recentes podem ser conferidos em Belo Horizonte, Brasília e Recife, cidades que estão tirando do papel seus projetos relacionados ao melhor desempenho de seus sistemas de ônibus com a adoção do Trânsito Rápido de Ônibus. A capital mineira já opera comercialmente, desde o início deste ano, o MOVE, seu primeiro corredor com características de exclusividade na operação, com linhas troncais pela avenida Cristiano Machado, interligando a Estação São Gabriel ao centro da cidade e à área hospitalar.
Brasília, com seu Expresso DF Sul, deu a largada para os primeiros testes operacionais em 31 quilômetros de extensão ligando Gama ao Plano Piloto. Segundo informações, o novo modelo de transporte terá 100 veículos e beneficiará 272 mil pessoas do Gama, Santa Maria e Park Way, podendo transportar até 13 mil passageiros/hora em cada sentido. O investimento total na obra será de R$ 648 milhões.
Na capital pernambucana, o Grande Recife Consórcio de Transporte iniciou os testes do projeto de ônibus rápidos Via Livre, sistema que compreenderá dois corredores – Norte/Sul e Leste/Oeste (com extensão total de 48,3 km), objetivando a capacitação dos condutores às novas condições de operação, bem como o conhecimento prático dos veículos que serão utilizados. E a partir de 17 de maio, conforme informa o Consórcio, é que os passageiros poderão usufruir os benefícios do novo modelo de transporte de Recife e sua região metropolitana. Serão utilizados cerca de 180 novos ônibus nos dois corredores.
As similitudes das três demonstrações que visam melhorar a imagem do transporte coletivo oferecem condições muito diferentes do que hoje são aplicadas em um sistema comum. Ônibus maiores, com transmissão automática e ar-condicionado, estações com ambientes que promovem mais conforto e pagamento antecipado, rapidez nas viagens e comodidade, são alguns dos princípios que norteiam a busca por uma mobilidade urbana eficiente.
Mas uma particularidade marca a difusão desse novo processo na modalidade transporte coletivo. Os ônibus articulados que operam ou irão operar nos sistemas, estão equipados com portas em ambos lados, o que faz surgir uma dúvida quanto aos corredores exclusivos não serem tão segregados como é o princípio de um eficiente Trânsito Rápido de Ônibus, havendo em alguns trechos uma operação compartilhada nas vias de tráfego comuns aos automóveis e outros veículos.
Fonte e foto: Revista Autobus