O ônibus garante o transporte na Copa

A situação é clara: o setor aéreo ainda se defronta com problemas que provavelmente não vão ser resolvidos até junho próximo: aeroportos em obras, escassez de assentos nos aviões, passagens caras, impontualidade nos voos, frequentes apagões nos sistemas de reservas e emissão de passagens. O modal ferroviário opera quase que exclusivamente com cargas, tendo ficado muito para trás os tempos em que as pessoas podiam viajar de trem em alguns Estados. No que se refere ao transporte marítimo, suas próprias limitações geográficas e o custo muito alto fizeram com que nemchegasse a ser cogitado seriamente para um evento com as proporções do Mundial de futebol.
No setor de transporte rodoviário de passageiros a realidade é totalmente outra. Prevê-se que o setor será responsável pelo deslocamento de mais de 1,1 milhão de brasileiros durante a competição, de acordo com os levantamentos do Departamento de Estudos e Pesquisas do Ministério do Turismo. O número de turistas estrangeiros é calculado em 600.000.
A magnitude desses números, segundo José Antônio Fernandes Mar-tins, presidente do Simefre (Sindicato Interestadual da Indústria de Materiais e Equipamentos Ferroviários e Rodoviários), leva a uma pergunta: como as pessoas vão se deslocar durante a Copa do Mundo? Em artigo na página 42 desta revista o próprio Martins responde: vão se deslocar de ônibus. “O ônibus ainda é a grande solução para a mobilidade, seja para curta, média ou longa distância. A Copa está aí e o ambiente da Copa vai mostrar como o ônibus será fator preponderante e essencial na melhor mobilidade das pessoas”, afirma.
A grande frota de ônibus interes-taduais e internacionais do Brasil e a enorme capilaridade das linhas rodoviárias, presentes em todo o território brasileiro, possibilita ao setor garantir assentos em quantidade mais que suficiente e transporte confortável e seguro para quem for viajar. Se depender das operadoras de ônibus, com toda certeza os torcedores poderão assistir a todos os jogos de seu interesse.
Por exemplo, os roteiros da Empresa de Transportes Gontijo levam à maioria das cidades onde serão realizados jogos da Copa. Também é o caso da Companhia São Geraldo de Viação. Essas empresas operam uma frota com 2.000 ônibus, o que lhes possibilitará abrir horários extras exatamente na medida da necessidade dos viajantes. Em 20 estados, aproximadamente 7.000 funcionários e 1.000 agências de vendas de passagens das duas operadoras estarão à disposição dos torcedores.
Experiência: A rigor, a experiência da Copa não constituirá propriamente uma novidade ou desafio operacional para essas duas companhias, nem para dezenas de outras que integram o sistema de transporte rodoviário de passageiros: elas estão habituadas a atender de maneira totalmente satisfatória aos chamados períodos de pico, como férias, Natal, Ano Novo, Carnaval, Semana Santa e feriados prolongados, ocasiões em que a demanda aumenta exponencialmente.
E não somente nos roteiros mais longos. Basta olhar o que acontece na ligação de média distância entre Rio de Janeiro e São Paulo — provavelmente a mais movimentada de todo o Brasil. Qualquer viajante sabe que essa rota é uma das mais congestionadas e problemáticas quando a viagem é de avião. Outra dificuldade é que as empresas aéreas praticam tarifas muito mais altas nos períodos de maior movimento de passageiros.
Na cidade do Rio de Janeiro, a Auto Viação 1001 é um exemplo de empresa perfeitamente preparada para a Copa do Mundo e a Olimpíada de 2016, que será realizada na cidade. Os números impressionam. A frota da empresa chega hoje a 1.300 veículos, com idade média de 2,8 anos. Pouco mais de 500 desses ônibus foram adquiridos de 2011 para cá. Nos últimos cinco anos foram criados novos serviços e a capacidade de atendimento foi sensivelmente ampliada. Os programas de treinamento de pessoal também foram intensificados. A estrutura de atendimento inclui 4.000 colaboradores e 130 agências próprias ou terceirizadas.
Cinco salas VIP oferecem conforto e conveniência aos passageiros no embarque, sendo uma delas na Rodoviária Novo Rio, no Rio de Janeiro, e outra na Rodoviária Tietê, em São Paulo. Esses dois terminais rodoviários contam com serviços e estruturas superiores aos de muitos dos aeroportos do País, possibilitando às empresas proporcionar ainda mais conforto aos passageiros. Nos espaços da 1001, denominados SalaNet, os clientes têm terminais de autoatendimento para a retirada das passagens compradas online e por telefone. Foi aumentada a capacidade de atendimento do Call Center, tanto para a venda de passagens como para receber críticas e sugestões dos passageiros.
Além dessa estrutura nas duas maiores capitais brasileiras, a Auto Viação 1001 está presente em cinco estados brasileiros: Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Espírito Santo e Santa Catarina.
Estrutura: Enquanto isso, empresas como a Viação Cometa preparam-se para atender sem problemas o aumento da demanda esperado para os dias anteriores e posteriores aos dias dos jogos. A Cometa acredita que o movimento em suas linhas deverá crescer em 25% entre São Paulo e Belo Horizonte e 17% entre São Paulo e Curitiba. Em seus ônibus, o conforto oferecido aos passageiros é igual ou maior que o dos aviões: as reservas podem ser feitas  por internet, a retirada das passagens é feita em totens informatizados e os passageiros dispõe de sala VIP nos terminais rodoviários. Nos ônibus, poltronas mais largas e mais confortáveis, luz individual para leitura, sinal de internet, possibilidade de escolha entre o serviço executivo e o de luxo. E, claro, preço da passagem mais baixo.
Demanda Crescente: Outra das mais importantes operadoras brasileiras, a Viação Águia Branca, cujos serviços estarão disponíveis em três capitais onde haverá jogos da Copa — Salvador, Rio de Janeiro e São Paulo — vem recebendo grande volume de solicitações feitas por agências brasileiras e internacionais, todas demandando transporte para turistas. Só nessa área a operadora espera operar com 120 ônibus por dia durante o torneio.
Internamente, os preparativos incluem o treinamento de funcionários para atuar como coordenadores nas operações com maior volume de veículos, de modo a facilitar e agilizar a logística de embarques e desembarques. Além disso, todas as operações serão monitoradas por GPS, possibi-litando identificar, em tempo real, a localização dos ônibus utilizados no transporte dos turistas.
Com base nas consultas e solicitações que vêm sendo recebidas, a Viação Águia Branca observou um crescimento da demanda por deslocamentos entre cidades próximas aos locais de jogos. Em um primeiro momento, os organizadores previam que o maior volume de serviços seria de transfers dentro das capitais.
Outra tradicional operadora brasi-leira, a Real Expresso, com sede em Brasília, está iniciando o treinamento de funcionários bilíngues que integrarão as equipes que vão trabalhar no Terminal Rodoviário da Capital durante o período da Copa do Mundo. Eles estarão preparados para atender os turistas e torcedores que ocuparão boa parte da rede hoteleira local, interessados em assistir aos seis jogos — inclusive um do Brasil – em visitar ou revisitar os principais pontos turísticos e em conhecer detalhes da arquitetura de Brasília.
Além de aumentar sua frota em operação no período, a Real Expresso manterá ampla frota reserva para imediata utilização caso haja necessidade. Os modernos ônibus da companhia, todos modelo G7 da Marcopolo, têm uma das mais baixas médias de idade entre as transportadoras interestaduais.
Fonte: Revista Abrati

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Saiba como seus dados em comentários são processados.