Mobilidade: Legado da Copa ainda é incerto

Considerados o grande legado da Copa de 2014 e os que mereceram mais investimento, alguns projetos de Mobilidade urbana estão em risco. Há melhorias que chegaram mesmo a ser retiradas da Matriz de Responsabilidade-acordo assinado em 2010 entre os governos das cidades-sede do mundial e o Ministério do Esporte. Muitos projetos serão entregues apenas após a Copa e outros sequer sairão do papel. Em um ranking das cidades mais prejudicadas, Manaus lidera como a única capital que não terá herança alguma da Copa na área de transportes.
Em dezembro de 2012, o governo estadual pediu para excluir o monotrilho das exigências para sediar o evento. Já Brasília deixou de ter o VLT (Veículo Leve sobre Trilhos) planejado e de ampliar a rodovia DF-047, promessa que só ficará pronta após os jogos. Para o coordenador de Assuntos da Copa do Sindicato da Arquitetura e da Engenharia (Sinaenco), José Roberto Bernasconi, o cancelamento de projetos não deve prejudicar o deslocamento na época do Mundial, devido às férias escolares e feriados em dias de jogos.
Porém, será prejudicial à população. “O problema é que o benefício não seria para Copa e, sim, permanente. Com cada projeto que não foi adiante, o Brasil perdeu a chance de melhorar a infraestrutura”, lamentou ele. Ainda segundo Bernasconi, a capital considerada mais adiantada, Belo Horizonte, também tem projetos atrasados. Até agora, apenas uma das oito ações está pronta. Atualmente, a capital mineira ainda sofre com a entrega dos comboios de BRTs, muitos que reforçariam a frota rodoviária para o evento esportivo.
As alterações nos projetos de Mobilidade urbana ainda resultaram na redução do investimento total no setor, que, em princípio, seria de R$ 11,5 bilhões. De janeiro de 2010 até o fim de 2013, o valor foi reduzido em mais de R$ 3 bilhões. Apesar da queda no valor total (por causa dos projetos que não foram concretizados), o custo individual previsto de muitas obras aumentou.
Em Curitiba, por exemplo, de 2010 a 2013, o custo estimado do corredor Marechal Floriano passou de R$ 30,3 milhões para R$ 62 milhões, um crescimento de mais de 100%. Ainda na cidade, o custo das obras da Rodoferroviária, também prevista para atender o público da Copa, sofreu acréscimo de 35,1%, passando de R$ 31,3 milhões para R$ 48,8 milhões. Cuiabá também ampliou os custos dos seus projetos de mobilidade. O orçamento do corredor Mário Andreazza, de R$ 31,3 milhões, cresceu 46,9%.
No Rio de Janeiro, BRT ficará pronto às vésperas dos jogos: Embora a Secretaria Municipal de Obras do Rio garanta que o Transcarioca – sistema de BRT que ligará a Barra da Tijuca ao Aeroporto Internacional da cidade – ficará pronto até o Mundial, uma advertência, publicada na semana passada no Diário Oficial do município, evidencia que a obra está atrasada.
Na publicação, o órgão se dirigia à construtora Andrade Gutierrez, alegando que há “morosidade” na conclusão dos serviços de asfaltamento na Avenida Embaixador Abelardo Bueno comas esquinas das estradas Coronel Pedro Correa, em Curicica, e do Canal Arroio Pavuna, em Jacarepaguá, na Zona Oeste.
De acordo coma Secretaria Municipal, a Andrade Gutierrez não será multada se concluir o reparo até o fim desta semana. Emcaso de descumprimento, a construtora será penalizada com uma taxa. Um trecho do corredor Transcarioca estava previsto para ser inaugurado no fim do ano passado, mas até agora a via continua em obras.
A nova data agora é o fim do primeiro semestre, às vésperas do evento. José Bernasconi, do Sinaenco, avalia que o andamento das obras para as Olimpíadas de 2016 no Rio está como “sinal amarelo” aceso. “Dá tempo de fazer os BRTs até a data, porém, há atrasos. Estamos há dois anos e quatro meses. O ideal é executar a tempo de se respeitar os aspectos de segurança”, sugeriu Bernasconi.

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