Assaltos a ônibus no RN este ano quase dobram em relação a 2012

Aterrorizados com os cerca de 860 assaltos a ônibus registrados na Região Metropolitana de Natal registrados somente neste ano, 25% dos operadores de transporte público urbano estão afastados de suas atividades por temor e estresse traumático, conforme dados do Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários do Estado (Sintro/RN). O número já representa um aumento de 80,85% do total notificado no ano passado, quando foram contabilizados 470 crimes.
Segundo o diretor do Sintro/RN, Oswaldo Furtado, somente este ano, cinco operadores, entre motoristas e cobradores, foram atacados a golpes de faca-peixeira durante abordagens criminosas e, pelo menos um deles continua em tratamento médico após ter sido gravemente esfaqueado há alguns meses. Ele disse que, do total de 6,5 mil trabalhadores, aproximadamente 1.625 estão afastados hoje por temor à crescente violência contra a categoria ou intenso estresse pós-trauma.
“Hoje, a principal sequela dos ataques é o afastamento dos profissionais, que ficam temerosos por suas vidas, muitos doentes de medo ou de estresse após sofrer constantes assaltos. Para piorar a situação, geralmente os bandidos são os mesmos, já que a maioria é adolescente em busca de dinheiro fácil para comprar drogas, que atacam quase sempre nos mesmos pontos”, explicou Oswaldo. Ele citou o caso do ladrão que esfaqueou o operador no semestre passado e que foi preso no mês passado, mas liberado logo em seguida, por já ter passado o flagrante.
O fato é corroborado pelo juiz da Infância e da Juventude de Natal, Homero Lechner, que há alguns meses revelou que aproximadamente 40% dos assaltos contra ônibus registrados somente em Natal eram cometidos por jovens menores de idade. Na ocasião, ele explicou que o perfil dos atos infracionais havia mudado nos últimos dez anos e que a presença e o consumo de drogas cada vez mais viciantes e destruidoras, como o crack, era um dos motivos para esse percentual tão alto.
“Antes, os adolescentes estavam envolvidos em crimes de menor poder ofensivo, como furtos, brigas com lesões corporais leves e tráfico de maconha. Hoje, o perfil dos atos infracionais está mais agressivo e destrutivo. Um estudo preliminar feito pelas Varas da Infância e Juventude revelou que cerca de 60% dos homicídios e latrocínios (roubo seguido de morte), por exemplo, ocorrem com a participação de jovens com menos de 21 anos. E também nos assaltos a ônibus, que chegam a 40% de participação”, explicou o magistrado, na época.
Crimes acontecem a qualquer hora do dia: Antes, os assaltos a ônibus eram concentrados à noite em locais ermos. Hoje, a realidade mudou profundamente, conforme Oswaldo Furtado, e já não há mais hora ou lugares para acontecerem os ataques. Na última quarta-feira, operadores e passageiros que estavam em um terminal de transporte público no bairro Cidade da Esperança foram atacados por dois homens que chegaram em uma carroça e fugiram levando celulares e objetos pessoais das vítimas. O crime aconteceu por volta das 5h da manhã, quando as vítimas aguardavam a abertura do terminal.
“Estamos entregues à bandidagem, que já não escolhe mais hora para atacar. Não há segurança, não vemos policiais nas ruas e os poucos que ainda vemos não são suficientes para banir os bandidos. Do nosso ponto de vista, é essencial que se combata as drogas, para que os assaltos diminuam, porque sabemos que a maioria dos assaltantes querem é dinheiro para comprar pedras de crack, que é a praga de hoje”, disse Oswaldo.
Contrariando a reclamação dos operadores, o comandante geral da Polícia Militar do Rio Grande do Norte, coronel Francisco Canindé de Araújo Silva, disse que a corporação aumentou o número de homens nas ruas e corredores da Região Metropolitana, para coibir os crimes neste período do ano, quando há um maior fluxo de pessoas usando transporte público.
“Aumentamos a quantidade de barreiras policiais, com revistas e abordagens a pessoas e veículos, para tentar inibir os números de assaltos a ônibus e vans que fazem o transporte de passageiros na região. As equipes estão espalhadas nos principais pontos e corredores dos municípios, em vários horários diferentes, para flagrar e coibir os ataques criminosos”, afirmou.

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