A indústria de ônibus tinha tudo para registrar um dos melhores anos da história em 2013 com crescimento na produção e manutenção, ou até mesmo ampliação, no nível de emprego.
Tinha. Porque agora o cenário mudou drasticamente. Quem afirma é o presidente da Fabus – associação que reúne as fabricantes de carrocerias de ônibus no Brasil, José Antônio Fernandes Martins, que também é vice-presidente da Fiesp – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo.
Em entrevista ao Blog Ponto de Ônibus / Canal do Ônibus, o dirigente diz que se não forem tomadas atitudes de incentivos por parte do Governo Federal, a queda pode ser expressiva e comprometer níveis de emprego no setor.
“O crescimento de 18% divulgado pela Anfavea é real mas foi até setembro. Agora estamos com um cenário completamente diferente. A produção de ônibus pode cair entre 15% e 20% neste último trimestre. Como o setor de fabricação de carrocerias necessita de muita mão de obra pela forma como os ônibus são produzidos, se não houver nenhuma ação para reequilibrar os números, o nível de emprego pode estar comprometido” – disse Martins à reportagem.
Ele cita dois principais motivos para a mudança do cenário que outrora era otimista. “As manifestações do meio do ano, que resultaram em redução de tarifas, mas não de custos na mesma proporção das empresas, acertaram em cheio o segmento de ônibus urbanos. O setor de ônibus rodoviários também parou em função das incertezas sobre a licitação dos serviços interestaduais e internacionais pela ANTT – Associação Nacional dos Transportes Terrestres” – explicou.
A indústria de ônibus não se colocou contra a liberdade de expressão e nem contra a modernização dos transportes rodoviários, mas acredita que todas as concessões feitas deveriam vir com contrapartidas e todos os projetos de reestruturações do setor devem vir com planejamento e ampla discussão.
José Antônio Fernandes Martins disse que a Fabus prepara um documento para o Governo Federal, mas a situação já foi explicitada para o poder público.
Ele aponta três alternativas para que os números possam se equilibrar:
– A manutenção do sistema de autorização no caso dos ônibus rodoviários pelo menos até que a licitação da ANTT não gere incertezas para os empresários.
– A criação de uma nova fase do PAC Equipamentos para suprir a demanda de 8 mil a 10 mil ônibus escolares.
– A aceleração nos investimentos e de obras de infraestrutura para a colocação nas ruas de aproximadamente mais 2 mil ônibus urbanos de categoria e capacidade superiores para sistemas de BRT – Bus Rapid Transit, corredores de ônibus exclusivos.
Martins explicou que mesmo as manifestações sendo entre junho e julho, a indústria só sentiu agora os impactos porque naqueles meses ainda havia encomendas sendo entregues.
Antes deste revés, a indústria projetava um crescimento em torno de 10% sobre 2012, o que representaria cerca de 40200 unidades de ônibus produzidas. Agora, os números são incertos.
Fonte: Canal do Ônibus