Os terminais de ônibus são normalmente associados a concreto, fumaça e barulho. Mas o Alvorada, na Barra, merecia algo diferente depois de passar por uma reforma geral. Para tornar o terminal mais agradável, a Secretaria municipal de Obras, em parceria com o Instituto Rua, chamou um grupo de grafiteiros para dar um banho de arte no local. Desde a madrugada de ontem, sete artistas trabalham duro para transformar seis paredes vazias e sem cor em enormes painéis grafitados, com desenhos e mensagens inspirados nos cariocas e nos transportes públicos.
Os grafites ocuparão os módulos dos novos banheiros — são dois em cada uma das três plataformas de embarque, incluindo a do BRT Transoeste — e devem ficar prontos até o próximo fim de semana. Cada painel terá 56 metros quadrados, o suficiente para causar impacto nas 50 mil pessoas que por ali circulam diariamente.
Nas próximas madrugadas, passageiros e funcionários das empresas de ônibus e do próprio terminal poderão acompanhar, em plena criação, os grafiteiros BR, Swk, Chico, Bobi, Afa, Bunnys e Acme, sendo que BR e Swk trabalham em dupla. Bruno Bogossian, o BR, buscou inspiração nas várias modalidades de transporte que chegam à Zona Oeste. Para ele, os desenhos darão uma atmosfera lúdica ao terminal: “A arte tem o poder de criar uma atmosfera de alegria no dia a dia das pessoas. É a pausa para pensar, se distrair, sair um pouco da realidade”, conta BR.
Já Carlos Alberto, o Bobi, usa em seu painel personagens típicos da cidade: “Tem um músico com trompete, do carnaval de rua. E tem o vendedor de água, aquele carioca carismático que está nas praias, nas ruas, nos engarrafamentos e até nas manifestações”, diz Bobi, diretor do Espaço Rabisco, em Copacabana, que oferece oficinas de graffiti art.
Criador do Instituto Rua, ligado a projetos de revitalização urbana a partir da arte, André Bretas diz que este é o primeiro trabalho do grupo na Barra. “Os painéis no Alvorada são uma forma de entreter quem aguarda o ônibus, levando arte para pessoas que, de repente, não vão a galerias. O grafite tem muito de democratização da arte. E o Rio é um lugar que aceita muito bem a arte urbana. A própria prefeitura entende que a beleza educa”.
A Secretaria de Obras, que apenas forneceu a tinta, quer fazer do terminal uma espécie de galeria de arte a céu aberto. O Alvorada ganhou novas plataformas, banheiros e acessos e, embora esteja operando, terá reinauguração oficial em novembro. Segundo o secretário Alexandre Pinto, o terminal de Madureira será o próximo a ter intervenção de grafiteiros.
Fonte e foto: Jornal O Globo (RJ)