Garagem.com: Fórmula E1

“Bem amigos, falta pouco para dar a largada em mais uma corrida esta noite. Na parada pronto para partir temos um Volare W8, logo atrás um Neobus Thunder Boy sobre chassi Mercedes-Benz LO-812! É uma bela máquina. Agora todos preparados para a largada, o último passageiro embarca, a porta fecha e, começa a corrida!

O Volare sai na frente – sai com estilo, o cobrador jogando charme para a mulherada diz com voz de locutor: ‘bora Ceasa, Rodoviária, Km 6, Igapó, tem vaga sentado’ – mas não para, segue pois logo atrás vem o Thunder Boy fazendo jus ao nome.

Minha nossa, o circuito é difícil: movimentado, irregular e com curvas. Mas o Volare vai voando baixo, balançando a frente igual cachorrinho de estante. Os passageiros, digo, a plateia privilegiada segura firme na poltrona! O cobrador, ávido por emoção, põe a cabeça para fora para ver onde está o rival. Caramba, os semáforos não são vistos, que emoção!

Santo Deus, agora os pilotos entram na Capitão Mor Gouveia, trecho difícil! Passageiro pede parada, talvez para ir ao banheiro, Volare para e uau! O Neobus ultrapassa. Chateado o piloto do Volare acelera. O velho motor MWM agora ronca feito um DSC 11, mas opa, há um atalho? O Volare entra numa rua que mapa nenhum sabe que existe, mas tudo vale para ultrapassar o Neobus parado no semáforo.

Já é possível ver a Rodoviária. O Volare já na liderança novamente estaciona em frente ao boxe, digo, à parada para pegar mais plateia. O Neobus também faz sua parada. Pobre tia fortinha, quase rola para o fundo do Volare com a acelerada que ele dá! Fez um ótimo tempo! O Thunder, vazio, parte imediatamente. Agora os dois estão lado a lado, já vem a linha do trem e uhu! A plateia pula dentro do carro.

Linha do trem já passou, agora ficaram para trás as garagens da Transportes Guanabara e Cidade do Natal, tem uma descida e os dois carros ainda páreos. Mas esperem, o Volare entra em um beco que não estava previsto no circuito (onde está a FIA, ops, DER?). Segura que é rally. Mas a suspensão do Volare aguenta a buraqueira. Agora já estamos no Km 6, até que o Volare para novamente para subir um vendedor de Palavras Cruzadas. Coitadinho, além das Cruzadas veio demonstrar os efeitos da Força G na Fórmula E1.

Caramba! Já é o viaduto da Urbana! Retorno pelas Quintas? Não! O Volare pega a contramão e faz uma manobra arriscadíssima para ir para a reta final na Zona Norte. Isso é que é piloto! Acelera! Acelera! O Thunder já cansado nem é visto mais pelo retrovisor.

Mas o Volare segue rápido, passa pelo checkpoint sem ser incomodado, em frente ao posto da Polícia Rodoviária Estadual. É a reta final: a Ponte de Igapó! Não tem pra ninguém, o Volare ganhou! Que corrida!”

Divertido? Não! Essa é a realidade do transporte alternativo regido pelo DER-RN – típica de uma categoria narrada por um conhecido locutor da TV Globo. Lugar de piloto é em autódromo, e não no volante de um veículo pesando toneladas com mais de quinze vidas a bordo. Assim, sigo acreditando em Deus, que guarda a todos nós, pois todos os dias o fantasma das tragédias anda de transporte alternativo pelo Rio Grande do Norte.

Mais automatizados: Parabenizo a Transportes Cidade do Natal pela aquisição de mais um veículo com transmissão automatizada. Tal sistema evolui cada dia mais e graças a ele os passageiros e operadores têm usufruído de maior conforto nas viagens de ônibus.

Por Rossano Varela

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.

Pular para o conteúdo