Festejadas como o grande legado da Copa para o país, as obras de mobilidade urbana priorizaram o transporte individual ao coletivo em 7 das 12 cidades-sede. Cinco delas não investiram um centavo em corredores para ônibus ou transporte sobre trilhos.
Em 2010, as 12 cidades assinaram termos de compromisso assegurando 51 obras de mobilidade. Mais da metade delas era de transporte público. Hoje, restam 37 projetos, sendo 18 com investimento exclusivo em transporte coletivo. Mais de R$ 4,4 bilhões em obras de transporte público foram adiadas ou canceladas.
“Para nós, o importante é ter acesso fácil ao estádio”, declarou nesta semana o secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke, em visita ao Brasil. Não por acaso, as cidades-sede estão priorizando as obras de acesso às arenas, em sua maioria foco nos automóveis.
Em São Paulo, Brasília, Salvador, Curitiba e Porto Alegre, obras de transporte incluídas inicialmente no PAC da Copa foram postergadas ou canceladas devido a mudanças no projeto, questões técnicas e outros entraves.
“Para efeito da Copa, o que nos diz respeito é o entorno do estádio”, comenta o vice-prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo, onde quatro projetos de BRT não ficarão prontos a tempo.
Em São Paulo, serão R$ 548,5 milhões para complexo viário em torno do estádio Itaquerão, na zona leste da cidade. A linha 17-ouro (monotrilho), que fará ligação do aeroporto de Congonhas com a malha metroviária, só deve ficar pronta no final de 2014.
“Infelizmente”, disse o prefeito Fernando Haddad (PT) à Folha, sobre a ausência de obras de transporte público. Ele lembrou que não era prefeito na época da elaboração do projeto e que a ideia agora é utilizar o estádio como “âncora de desenvolvimento” na região. O governo de São Paulo diz que a região do estádio é bem servida de transporte público.
Em Curitiba, uma obra que criaria um corredor de ônibus em direção ao aeroporto foi alterada pois não havia demanda que a justificasse. O projeto agora se resume ao recapeamento e ampliação de avenidas. Em Salvador, o BRT (ônibus em corredor com estações) até o aeroporto foi cancelado.
Já a criação do VLT de Brasília, que ligaria o aeroporto à Asa Sul, foi excluída do PAC da Copa por irregularidades na licitação e, então, adiada.
Em Manaus, as duas obras de mobilidade da Copa, um monotrilho e um BRT, não ficarão prontas a tempo após o Tribunal de Contas do Estado apontar erros de projeto.
Fonte: Folha de S. Paulo