Garagem.com: Transporte público Made in Europe

Várias capitais e demais cidades brasileiras já licitaram suas linhas de ônibus, porém outras ainda estão no processo, como Natal. Mas, em alguns casos pouca coisa mudou após a licitação, onde o maior benefício foi para os empresários que venceram os certames, e agora possuem segurança operacional para suas empresas. A população, entretanto, continua a andar em veículos de mesma configuração daqueles dos anos 80.

No meu entender, Natal tende a seguir no mesmo caminho. Mas como as linhas ainda não foram licitadas, existe esperança. Esperança de quê? De encontrarmos nas ruas um sistema de transportes tão bom quanto o europeu. Mas e por que justamente o europeu? Porque é lá que nós encontramos os mais eficientes modelos de transporte público.

Comecemos pela qualidade dos aparelhos utilizados: é fácil encontrar veículos ecológicos na frota de ônibus e trens europeus, e estes em sua grande maioria são plenamente adaptados para receber pessoas com dificuldade de locomoção. Em algumas cidades também é possível encontrar bondes elétricos, chamados tramways, que seriam um excelente meio de transporte numa cidade como Natal.

Em cidades européias podem-se adquirir cartões de passes unificados entre os trens e os ônibus, e estes podem ser adquiridos facilmente em qualquer comércio nas ruas (semelhante aos cartões telefônicos, que outrora eram compráveis em qualquer cigarreira). Há quem critique os preços praticados em algumas cidades, como Estocolmo, onde o bilhete mensal custa cerca de R$ 270,00, para usuário padrão. Mas estamos falando da Suécia, onde o nível de Renda Bruta Interna Per Capita é de US$ 53.230 (o Brasil possui um RBI de US$ 10.720).

Há ainda uma última questão que tratarei agora: fator cultural! Brasileiros gostam de carros – e não há nada de errado nisso – mas, usar o automóvel de passeio para trabalhar, estudar, ir à padaria e outros trajetos pífios é uma prática muito comum por aqui. Na Europa o trem, bonde e ônibus são os veículos escolhidos para o dia a dia, restando o automóvel como o veículo de fato de passeio. Mas não nos culpemos, afinal, a Europa sempre investiu muito em trens e existem inúmeras linhas noturnas por lá, só para citar alguns exemplos de facilidades que eles têm e nós não.

A conversa é longa, mas acho que a coisa anda por aí. Especialistas em transportes defendem o modelo europeu como o modelo ideal para Natal. Até porque, trata-se de uma cidade pequena, portanto é mais fácil implantar certos modais de transportes. De coração, eu só espero que a Prefeitura do Natal e a Câmara de Vereadores sejam firmes em aprovar um modelo de licitação moderno e inovador, que privilegie não somente um grupo, mas a grande maioria da população, que certamente se incomoda muito mais com a qualidade do que como preço da tarifa. Mais uma vez, agora nos resta esperar, torcer e com um pouco de esforço, cobrar.

Por Rossano Varela

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