Empresas podem ajudar na mobilidade, diz estudo do Banco Mundial

Todos reclamam da falta de mobilidade urbana, do excesso de veículos e da poluição. Mas a maioria das pessoas deixa a solução dos problemas apenas para os governos e as companhias operadoras de transportes.
Estudo do Banco Mundial, que acompanhou por um ano um grupo de cerca de 1500 funcionários de empresas da região da Avenida Luís Carlos Berrini, na zona Sul de São Paulo, mostrou que todos devem fazer sua parte. Inclusive as empresas empregadoras que tanto se queixam dos prejuízos causados pela falta de mobilidade à economia e ao rendimento dos seus funcionários.
Entre as ações que podem ser tomadas pelas empresas, segundo o Banco Mundial, é estimular o uso do transporte coletivo, seja público ou de fretamento.
Segundo o estudo, ações semelhantes foram tomadas por um conjunto de empresas em Washington e na Califórnia, nos Estados Unidos, e ajudaram a reduzir significativamente os congestionamentos. O uso dos ônibus de fretamento foi destaque,mesmo com a rede de transportes públicos.
O Banco Mundial ainda informa que em algumas cidades, empresas com mais de cem funcionários são obrigadas por lei a apresentarem planos de mobilidade para os funcionários.
Acompanhe algumas ações, todas muito simples e de baixo custo, que podem ser tomadas pelas empresas empregadoras, de acordo com o Banco Mundial:
– Oferecer transporte fretado para os funcionários, seja por ônibus ou van. Para isso, o poder público deve no espaço urbano regularizar o fretado, mas priorizá-lo em detrimento ao transporte individual.
– Arcar com os 6% referentes ao desconto do Vale Transporte do trabalhador. O aumento da produtividade do funcionário pode refletir em maior rendimento e trazer resultados superiores aos 6% do Vale Transporte. A não cobrança do vale do funcionário é um estímulo para ele ir trabalhar de ônibus, trem e metrô
– Mostrar as opções de transportes públicos aos funcionários. Tem muita gente que possui a disposição linhas de ônibus e metrô da casa para o trabalho e não sabe disso. Muitos não têm linhas que não vão direto para o trabalho, mas se integram com outras de maneira simples. Com ajuda dos gerenciadores de transportes e até mesmo dos próprios funcionários, as empresas podem mapear as opções de ônibus, trem e metrô e informar todos seus empregados.
– Flexibilização dos horários de trabalho para evitar deslocamentos nas horas de pico. Há muitas profissões que não necessitam que o trabalhador entre às 8h00 e saia às 18h00. Mas as empresas não enxergam na prática essa possibilidade. Além de melhorar a mobilidade, isso melhora a qualidade de vida do trabalhador. Afinal, ir num transporte lotado ou num trânsito congestionando podendo ter opção de outro horário é um desgaste desnecessário.
– Trabalho à distância. Existem muitos ramos que não necessitam da presença do funcionário na empresa todos os dias. Pelo contrário. Sem o cansaço do deslocamento, sem o estresse da cobrança do chefe toda a hora em cima e sendo disciplinado quanto aos horários, além de render mais, o funcionário pode se sentir mais livre em casa e ser mais criativo.
– Estimular carona. Não é raro de vários funcionários na mesma hora irem para os mesmos locais, mas cada um com seu carro.
– Oferecer infraestrutura para quem usa bicicleta. Muita gente mora relativamente perto do trabalho, mas andar de bicicleta faz suar e necessita de um lugar para guardar o veículo. Ao mesmo tempo que o poder público deve ampliar as ciclovias, as empresas poderiam oferecer vestiários, chuveiros e bicicletários.
– Criar sistemas de folgas durante a semana. Se as empresas durante algumas jornadas ampliarem entre duas e três horas, pode gerar ao menos um dia de folga durante a semana, além do sábado e domingo, a cada quinzena. Isso geraria menos deslocamentos, pelo menos nos horários de pico.
– Oferecer alternativas em pólos geradores de emprego, ajudando o poder público na infraestrutura para melhorar o deslocamento das pessoas, em especial por transporte coletivo. Afinal, o transporte coletivo é o responsável pelo deslocamento dos funcionários e o aumento do valor dos imóveis e, em alguns casos, pela maior movimentação de clientes nos negócios. É a chamada contribuição da melhoria.
Apesar de as ideais serem de fácil execução, as empresas, as mesmas que falam em modernização das relações de trabalho, se mostram resistentes. Das 80 empresas que fizeram parte do estudo do Banco Mundial, apenas 10 tomaram medidas práticas.

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