Editorial UNIBUS RN: Revigorando o que quase se foi

Um sistema que estava definhando ganhou uma excepcional sobrevida nesta semana que está terminando. Como o UNIBUS RN acompanhou desde o início, estava sendo estudada pelos vereadores a implantação da bilhetagem eletrônica unificada para ônibus e alternativos. Tal medida foi aprovada na última quarta-feira.
Tal situação era muito aguardada pelos permissionários e pelos usuários que dependem mais dos opcionais por terem de ir, ou moram, em locais que só são atendidos por esses veículos de menor porte. Havia uma espécie de “segregação” do usuário por conta da bilhetagem eletrônica.
Só para você ter uma ideia e não se lembra da situação caótica do transporte opcional, até 2007 algumas linhas possuíam demanda superior a de algumas linhas de ônibus da capital. Com uma frota de quase 200 veículos, toda a cidade era atendida.
Porém, desde 2007, quando as “maquininhas” começaram a funcionar, os cartões da bilhetagem recém-implantada só podiam ser usados nos ônibus. Como nos alternativos tal sistema não havia sido implantado, os passageiros se viram forçados a usar o transporte convencional.
Desde então, o sistema opcional está operando por aparelhos. Muitos permissionários deixaram de rodar e de gerar empregos. Mais da metade da frota cadastrada hoje não roda – dos que circulam, muitos estão em péssimo estado de conservação (sem dinheiro, não há como renovar a frota ou reformar os veículos) ou operam precariamente, sem cumprir todos os horários estabelecidos.
Até tentou-se implantar um cartão com dois chips, onde o usuário da bilhetagem dos ônibus poderia colocar créditos – separadamente – para utilizar no transporte alternativo, que ganhara em 2011 máquinas exclusivas para seu sistema. Mas, não era, e nem é, o suficiente (muita gente desconhece esse sistema).
Mas, com essa votação, podemos dizer que, finalmente, nosso legislativo deu uma bola dentro em prol da população natalense.
Com a bilhetagem unificada, ônibus e alternativos poderão ter o mesmo sistema, recebendo o mesmo cartão de passagem, e ambos poderão ter suas demandas – até mesmo diminuindo a lotação dos ônibus, problema crônico em determinadas linhas. Além disso, tal medida dá um fôlego para os permissionários, que podem voltar a desenvolver um sistema que, no início dos anos 2000, contra tudo e contra todos, chegou a ser referência no país.
A unificação da bilhetagem pode, também, gerar mais empregos, com a volta gradativa dos veículos parados. Além disso, áreas mal atendidas pelo sistema de transporte urbano poderão voltar a ter um atendimento digno e opções para andar por toda a cidade.
Porém, tal ação não pode ser a única. A licitação do sistema é peça chave para os dois sistemas funcionarem perfeitamente. Com regras próprias e bilhetagem única, ônibus e alternativos, devidamente regidos após o certame, com certeza vão melhorar o ir e vir do natalense.
Agora é aguardar a implantação do sistema e a licitação. Certamente, a qualidade que tanto queremos no transporte público vai ficar mais perto de ser alcançada a partir de iniciativas como a tomada nessa semana pelos vereadores. Mas, não pode, e nem deve ser a única. O usuário merece um transporte de qualidade – seja ele por ônibus ou por alternativo.

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