De um lado, os alimentos evitaram uma alta maior do IPCA-15 em setembro. De outro, porém, o fim do efeito benéfico da retirada dos reajustes dos ônibus após a onda de manifestações fez a taxa avançar e mudar de patamar.
Segundo analistas, a prévia oficial de inflação de setembro só não teve uma alta mais forte e generalizada graças aos alimentos, cujos preços subiram com moderação – 0,4% em setembro. Em agosto, porém, o grupo alimentação e bebidas havia registrado deflação de 0,09%. O índice geral avançou de 0,16% em agosto para 0,27% em setembro.
Os itens de transporte foram os que tiveram o maior peso, já que passaram de uma queda de 0,30% em agosto para uma alta 0,30% em setembro. A influência se deu pelo fim do impacto positivo da retirada dos ajustes de ônibus após a onda de protestos nas capitais.
O maior impacto veio das passagens aéreas, que subiram 16,08% no mês, representando 0,07 ponto percentual do índice. “A aceleração da inflação de agosto para o de setembro somente não foi mais pronunciada por conta do grupo alimentação e bebidas, pois sua aceleração entre agosto e setembro foi modesta, com destaque [de altas] para as pressões exercidas por arroz, farinhas, fécula e massas, frutas, aves e ovos, panificados e do subgrupo alimentação fora do domicílio”, diz a consultoria LCA.
Exceto as frutas, todos os demais itens mencionados pela LCA sofrem influência direta ou indireta da alta do dólar. Eles têm cotações internacionais ou usam matérias-primas dolarizadas. No caso das aves, o câmbio elevou o preço das rações.
Para analistas, os próximos meses serão de taxas mais elevadas de inflação, já que os alimentos tendem a acelerar e não mais poderá se contar com ajuda da retirada dos aumentos dos ônibus – item de grande peso no IPCA. De quebra, está em vista um aumento de, ao menos, 5% da gasolina em outubro.
O governo resiste, mas a Petrobras tem necessidade de recompor seu caixa até por conta do leilão do pré-sal. Desse modo, a alta é dada como certa. Só não se sabe quando.
“Além de os efeitos das revogações das tarifas de transporte público terem praticamente saído de cena ao final de agosto, o grupo transportes deve também será pressionado por combustíveis e passagem aérea [também sob efeito do reajuste dos combustíveis da Petrobras]”, prevê a LCA.
Após o resultado do IPCA-15 de setembro, o mercado passou a projetar uma alta na faixa de 0,35% para o IPCA fechado do mês. Para 2013, analistas estimam um IPCA muito próximo do teto da meta, de 6,5%. A maioria das previsões varia de 6,2% a 6,5%.
Diante desse cenário de inflação mais elevada e um crescimento um pouco maior da economia em 2014, a inflação, dizem, será um problema ainda maior no ano que vem, com risco real de superar o limite máximo da meta.
Fonte: Folha de S. Paulo