Em audiência pública realizada na Câmara de Vereadores de Mossoró, na última quinta-feira, representantes dos movimentos sociais e estudantis, vereadores e representantes da Prefeitura Municipal de Mossoró (PMM) debateram a situação do transporte público no município. Ao final ficou definido que um documento será redigido e enviado ao Executivo cobrando soluções para os problemas apresentados.
A audiência, proposta pelo vereador Genivan Vale (PR), contou com a participação de alguns populares e teve número reduzido de membros do Movimento Pau de Arara (MPA), que veio às ruas nos meses de junho e julho, pedindo melhorias no transporte público mossoroense.
O vereador afirmou que a ideia da audiência partiu de reclamações que recebe de populares à respeito do transporte na cidade. Ele foi enfático ao dizer que não acredita que a Prefeitura irá se mobilizar por conta das audiências ou de documentos formulados, mas que estes espaços somados à pressão popular podem causar reações no Executivo.
Rayane Andrade, coordenadora executiva do DCE da Universidade Federal Rural do Semi-Árido (Ufersa), afirma que o principal motivo do esvaziamento de audiências se dá pela ineficiência do Poder Executivo em dar uma resposta. “Já tivemos outras duas audiências, na qual todos os sujeitos sentados à mesa estavam presentes, e os compromissos firmados não foram cumpridos. Não adianta que infinitas audiências públicas sejam reunidas se não saírem proposituras práticas”.
O presidente do Sindicato dos Rodoviários de Mossoró (Sintrom/RN), Francisco de Assis de Medeiros, presente na audiência, teceu duras críticas às empresas de ônibus e à organização e fiscalização do transporte público. “Aqui temos ônibus, que se fossem fiscalizados, não sairiam da garagem, a população de Mossoró paga uma passagem cara, os ônibus são sucateados, os direitos dos trabalhadores são desrespeitados. Desde 1989 temos sérios problemas com fiscalização e controle do transporte em Mossoró, isso foi ‘empurrado com a barriga’ e hoje chegou a essa situação”.
Célio Carvalho, gerente da empresa Sideral, considera que as reivindicações são justas. Ele afirma que o sistema de transporte é precário e precisa de mudanças. “Estamos trabalhando para melhorar, já compramos mais dois carros recentemente, outros já estão sendo providenciados.” O empresário defendeu que as empresas têm responsabilidade e que querem investir na cidade, mas que precisam do respaldo do poder público com clareza na abertura de licitações para poder injetar dinheiro na compra de ônibus e melhorias na frota.
Representantes de movimentos sociais apoiam o debate: Max Medeiros, presidente do DCE da Uern e um dos líderes do MPA, elogiou a atitude do vereador Genivan Vale. “Desde sempre ele abriu espaço em seu mandato para pautarmos o transporte público, então acho muito coerente a atitude dele, puxando essa audiência”. Para o estudante, a formulação de um documento conjunto é algo fundamental, já que é preciso formalizar as pautas e reivindicações.
Ele completou dizendo: “Sabemos que essa demora, essa burocracia, é uma tática do poder público municipal e estadual, ‘empurrando com a barriga’, esta é a forma do DEM de lidar com os movimentos sociais. Mas não tenho dúvida que se essa situação não se resolver, o povo vai voltar para as ruas”.
O vereador Luiz Carlos (PT), líder da oposição, ressaltou a importância de discussões como essa, afirmou: “Nosso mandato sempre foi popular, integrado às lutas, e não poderia se furtar a debater uma questão tão problemática em Mossoró”. Para o vereador, só o clamor popular poderá pressionar a Prefeitura a promover melhoras no transporte público e implementar efetivamente o Plano de Mobilidade Urbana, tão almejado pelos manifestantes.
Por volta das 13h, a audiência foi encerrada com a promessa de redação de um documento conjunto entre as entidades presentes a fim de reiterar e oficializar as demandas dos manifestantes. Além das melhorias imediatas no transporte, que incluem o aumento da frota e a melhoria na qualidade dos ônibus, foi colocada como prioridade a implementação do Plano de Mobilidade Urbana para a cidade de Mossoró.
Fonte: O Mossoroense
