Na última semana tive acesso a alguns relatos impressionantes de violência contra motoristas de ônibus, e que até onde sei não foram divulgados, senão, transformaram-se em números de Boletins de Ocorrência (BO). Por um milagre os motoristas estão vivos, mas, se demitiram ou estão afastados da função. Os assaltos tornaram-se um enorme pesadelo para os profissionais do transporte coletivo, que inclusive atuam no que é considerada a pior profissão do Brasil. E aí? Tem como melhorar?
Claro que sim! Vislumbro uma solução que já é aplicada em vários países, inclusive em algumas poucas cidades brasileiras: retirar o dinheiro de circulação nos ônibus. Está aí a solução. Levando Natal como exemplo, o dinheiro das passagens sempre é alvo dos criminosos, e como esse dinheiro esta de “posse” dos motoristas ou cobradores, estes se tornam “inimigos” da bandidagem, correndo sério risco de vida a cada assalto sofrido.
E como isso seria na prática? Vamos lá. Com o não recebimento de dinheiro em espécie é preciso investir pesado na bilhetagem eletrônica, que precisa ser mais acessível, como o cartão telefônico era há alguns anos atrás. Ampliar os pontos de vendas e também os tipos de cartões é uma etapa importante neste processo. Com isso, o motorista nem precisaria exercer a função de cobrador, nem perderia tempo na viagem trocando aqueles R$ 20,00 dados pelo passageiro para pagar a passagem. Por outro lado, a profissão de cobrador, que já se encontra em ameaça de extinção, seria definitivamente extinta.
Acredito que a extinção do dinheiro dentro dos transportes coletivos eliminaria um chamariz para os ladrões, e de quebra melhoraria significativamente a qualidade de vida no trabalho dos motoristas. Só não resolve os famosos e temidos “arrastões”, que aí, só um bom policiamento nas ruas poderia ajudar a combater esse tipo de crime. Por enquanto vamos evoluindo as ideias, e quem saber propor esse tipo de mudança em audiências públicas que estão por vir.
Por Rossano Varela