Por falta de provas, acusado de atear fogo em ônibus pode ser inocentado

O único processo judicial que trata de casos de vandalismo e depredação nos protestos realizados em Natal desde 2012 pode ser finalizado esta semana. O Ministério Público Estadual requereu a absolvição do professor Felipe Eduardo de Oliveira Serrano, acusado de participar da queima de dois ônibus durante a manifestação de 18 de setembro do ano passado e ter resistido à prisão naquela mesma noite.
A defesa do professor comemorou o posicionamento tomado pelo MP, que entregou na sexta-feira passada suas alegações finais à 8ª Vara Criminal de Natal. “Felipe ficou muito aliviado com a notícia. Se fez justiça”, disse o advogado Daniel Alves Pessoa. Ainda de acordo com ele, as alegações finais da defesa serão entregues ainda nesta quarta-feira. “E a sentença deverá sair até o fim da semana”, completou Pessoa.
A promotoria pediu a absolvição pela falta de provas da participação de Felipe Serrano no incêndio que destruiu dois ônibus da empresa Guanabara naquela noite de setembro, sendo um deles na Avenida Bernardo Vieira, em frente ao Shopping Midway Mall, e o outro no terminal rodoviário do bairro Nordeste, Zona Oeste de Natal.
Durante as audiências do processo, o cobrador e o motorista do ônibus queimado na Bernardo Vieira, que tinham reconhecido Felipe em depoimento registrado no inquérito policial, voltaram atrás perante o juízo. E o padre Francisco de Assis Fernandes Gomes, que testemunhou a prisão de Felipe Serrano na Avenida São José, enviou uma carta do Vaticano, onde está estudando, para relatar a ação da Polícia Militar ao deter o professor, que teve um dos dedos da mão quebrado. “Todos esses pontos foram essenciais para provar a inocência de Felipe”, reforçou Daniel.
O advogado ainda destacou que, com a absolvição do seu cliente, os processos contra os manifestantes que participaram da Revolta do Busão em 2012 estão encerrados. No mesmo dia em que Felipe Serrano foi preso, outras três pessoas foram detidas pela Polícia Rodoviária Federal: a professora Sandra Erickson e os estudantes universitários Eluard Lincoln de Vasconcelos e Tarcísio Alves. “O único processo a seguir para a coleta de provas foi o de Felipe Serrano, o restante foi arquivado com todos sendo inocentados”, explicou ele.
A reportagem “Eles não usam black tie”, publicada no Novo Jornal, destacou a inoperância do sistema de segurança pública para conseguir identificar os responsáveis por atos de vandalismo, caracterizados nos protestos recentes pelos grupos de “black blocs”.
Os inquéritos abertos por conta das depredações registradas nos protestos realizados desde junho passado terminaram com o indiciamento de cinco pessoas, das quais nenhuma foi denunciada à Justiça. Ainda em julho, no auge dos protestos de rua realizados em todo o país, o comandante da Polícia Militar do RN, coronel Francisco Araújo, chegou a propor a criação de uma força-tarefa para combater os “mascarados”.
“Lancei a ideia e aguardei o retorno, mas até agora não recebi contato. É preciso contar com o esforço de todos para que se assegure o direito de manifestação e se coíba os excessos”, afirmou o coronel. Responsável pelo combate direto aos atos de vandalismo, o comandante defende a manutenção de um diálogo com os manifestantes.
“É difícil estabelecer contato com eles e identificar quem é quem. Por não terem liderança, os atos de rebeldia são difíceis de controlar. Nós prendemos, mas cabe à investigação dar prosseguimento. A PM, sozinha, não tem condições de combater”, finaliza Araújo.
Fonte: Novo Jornal

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