O Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente do Rio Grande do Norte (Idema) ainda não chegou a uma definição do que será feito dos resquícios de mata atlântica detectados no meio do percurso do aeroporto de São Gonçalo do Amarante. A negativa do órgão em desmatar o trecho do bioma num primeiro momento levou o governo do estado a anunciar a revisão do projeto de construção do acesso norte ao aeroporto na última sexta-feira. Seis dias depois do anúncio, entretanto, o problema permanece sem solução.
O Idema, que diz ter informado o governo sobre a existência da mata ainda em 2012, ainda não definiu se autorizará o desmatamento do trecho ou se permitirá que a Secretaria de Meio Ambiente e Urbanismo de São Gonçalo desmate uma área próxima e licencie um desvio. Uma reunião, segundo o diretor geral do Idema, Jamir Fernandes, será realizada hoje na sede do órgão com o secretário de Meio Ambiente de São Gonçalo, Hélio Duarte. A direção do Idema analisará os documentos a serem apresentados pela secretaria e apresentará os termos de um acordo para delegar a responsabilidade de licenciamento do trecho para o Município.
Segundo Jamir, a própria Secretaria entrou com um pedido no órgão para licenciar ou o desmatamento da área ou um desvio a ser realizado no trajeto. A resposta deveria ter saído ainda na segunda-feira. Jamir não explicou as razões para o adiamento.
A alteração no projeto, anunciada três anos depois dos contratos para construção terem sido assinados, é alvo de preocupação. O aeroporto, segundo o consórcio Inframérica – que o administrará – deverá receber os primeiros voos em abril de 2014, e corre o risco de ficar ilhado.
O consórcio foi procurado inúmeras vezes, mas informou, através da assessoria de comunicação, que não comentaria o assunto. Em entrevista publicada na Tribuna do Norte, o diretor comercial do consórcio, Daniel Ketchibachian, reiterou a preocupação com o atraso, mas afirmou que não via a questão como um impeditivo para a instalação de lojas no terminal, por exemplo. Enquanto não recebe o sinal verde para desmatar a área ou construir um novo desvio, a EIT Engenharia, responsável pela obra dos acessos, trabalha em outros trechos. A obra dos acessos foi licitada em 2010 e deveria ter começado em outubro de 2011, com prazo de conclusão fixado para janeiro de 2013. A construção, no entanto, só começou no segundo semestre deste ano, com a desistência da Queiroz Galvão, ganhadora da licitação.
Foto: Emanuel Amaral (Tribuna do Norte)
Fonte: Tribuna do Norte