Alternativas para o carro são buscadas em todas as grandes cidades do mundo, seja porque o cidadão não quer passar horas no trânsito, seja pelo custo de combustível. Dados do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) apontam que só no Brasil são mais de 520 mil ônibus (sem contar micro-ônibus). Só em São Paulo, segundo dados da Secretária Municipal de Transportes, circulam por estes ônibus 2,9 bilhões de passageiros anualmente. Assim, oferecer excelência em qualidade é um dos principais desafios das empresas do setor, bem como uma das maiores demandas dos usuários do sistema. É fato que disponibilizar uma frota maior atenderia às pessoas com mais conforto. No entanto, significaria necessidade de mais investimentos. Mas e se as empresas fossem capazes de saber para quais linhas e em quais momentos são necessários mais veículos? Mais do que isso, se eles conseguissem visualizar estes dados em tempo real e enviar carros extras para os trechos mais movimentados?
Inicialmente implantadas apenas em terminais de ônibus, como o terminal Retiro em Buenos Aires (Argentina), o terminal rodoviário de Brasília (Brasil) e a estação de ônibus Delicias (Espanha), as câmeras de videomonitoramento começam a ser instaladas dentro dos ônibus. Graças ao uso de equipamentos digitais, que disponibilizam as imagens via rede, a população passa a contar com uma nova ferramenta para melhorar o serviço, capaz de contar o número de usuários em tempo real, reduzir fraudes e gerar provas com alta qualidade de imagem.
A tecnologia já permite que ônibus instalem câmeras próximas às portas para contar quantas pessoas subiram ou desceram do ônibus. Caso a quantidade esteja se aproximando do limite, é possível que a empresa destine automaticamente um veículo vazio para aquela linha, evitando superlotações. Em paralelo, no final do mês, esses dados são úteis para realocar veículos e redefinir a oferta regular de ônibus.
Além disso, as câmeras nos ônibus podem ser integradas ao sistema de bilhetagem para identificar se alguma pessoa pulou a catraca ou entrou pela porta de saída sem pagar. As próprias câmeras podem dispor de inteligência para analisar o vídeo e gerar alarmes caso alguém ultrapasse uma linha imaginária definida pelos gestores. Em paralelo, como boa parte dos serviços de transporte coletivo urbanos conta com subsídio do poder público, o uso de câmeras para inibir fraudes e provar a real quantidade de pessoas que utilizaram o sistema é uma forma de a sociedade controlar melhor o funcionamento desses espaços itinerantes e amplamente descentralizados.
Tudo isso sem contar que o videomonitoramento, em muitos casos, inibe delitos. Assim, muitos furtos, assaltos e agressões que ocorrem dentro dos ônibus poderiam ser reduzidos pelo poder inibidor desses equipamentos, que já contam com proteção antivandalismo. Em outros casos, quando crimes e infrações ocorrem diante das câmeras, é possível recorrer às imagens para identificar responsabilidades e apresentar provas em vídeo com qualidade de imagem suficiente para serem aceitas em decisões judiciais. A própria empresa pode aproveitar os episódios para treinar seus funcionários com base em casos reais.
Um dos maiores projetos mundiais de videomonitoramento em ônibus é o de Madrid, na Espanha, que atende mais de 1,5 milhão de pessoas todos os dias. A empresa EMT controla mais de dois mil ônibus equipados com quatro ou cinco câmeras digitais cada um. A EMT acessa as imagens em tempo real, podendo se comunicar com os motoristas, e todas as imagens vão para uma central de alarmes. As câmeras, resistentes a vibrações e aptas a funcionar em altas temperaturas, enviam dois streams de vídeo simultaneamente – um usado para visualização ao vivo (compressão H.264) e outro em alta resolução e usado apenas em situações de emergência. Nesse caso, o conteúdo é baixado depois via wi-fi quando o ônibus chega à garagem.
Na Itália, a empresa pública ATR, operada pelas autoridades da província de Forlì-Cesena, já conta com 700 câmeras digitais no interior tanto de ônibus urbanos quanto metropolitanos. O objetivo do projeto, além de garantir a segurança dos usuários, era evitar depredação do patrimônio público, ajudando a deter comportamentos antissociais e atos ilegais. A empresa agora considera expandir o projeto e incluir inteligências como contagem de pessoas.
Esses exemplos são provas de que gerentes de TI, usuários do transporte público e representantes do Governo têm bons motivos para sorrir ao serem filmados por uma câmera dentro de um ônibus.
Fonte: Maxpress