Editorial UNIBUS RN: De fato e de direito?

Há quem considere que a moda do momento são os protestos. Sendo moda ou não – talvez a real necessidade para melhorar o país – os opcionais não ficaram de fora, deixando toda a cidade em alerta com a invasão feita pelos permissionários à Prefeitura do Natal esta semana.
Os permissionários cobraram de uma maneira absolutamente arbitrária e enfática, entre outras questões pontuais, a unificação do cartão de passagens – algo, notoriamente, impossível. Deixando de lado o mérito da questão, que confronta com a própria democracia e possibilidade do diálogo que deveria ter sido feito entre os proprietários dos ônibus e a prefeitura, o super protesto foi um verdadeiro fiasco.
Desde a implantação e comercialização da bilhetagem eletrônica na capital do Rio Grande do Norte, em meados de 2007, a unificação é cobrada pelos alternativos. Aos favoráveis à unificação, cabe a reflexão da diferença gritante entre a operacionalidade feita por ônibus e opcionais em Natal – não que o serviço dos ônibus seja ideal; muito pelo contrário, pois é obvio que precisa melhorar e muito.
E a situação ‘desfavorável’ dos opcionais não é um reflexo da bilhetagem eletrônica dos ônibus – que teria obrigado a maioria dos passageiros a optarem pelos ônibus. Convém refletir que os opcionais, nos tempos das vacas gordas, já operavam em regime de concorrência aos ônibus, prestando um serviço muito pior, porém mesmo assim conseguindo uma parcela significativa dos passageiros.
Durante o protesto, em especial, foi possível observar que há uma reflexão por parte dos próprios usuários, contrários à bilhetagem unificada. Algo do tipo: “os alternativos fazem o que querem”, ou “certa vez peguei um opcional e o motorista disse: ‘só vou até tal ponto! ’”. Pobres dos tantos passageiros que passaram por isso! Argumentos dos próprios opcionais, que corroboraram para tal.
O melhor – ou pior – de tudo isso, é que a unificação está prevista na licitação do setor de transporte, que deverá ocorrer em breve. O preço que os opcionais irão pagar é a redução em sua área de operação. Eles passarão a ser alimentadores, circulando entre os bairros, nas regiões da cidade – como ocorre com todo sistema, de fato, complementar.
Não haveria solução melhor que a mudança proposta na licitação para os opcionais. A regularidade do sistema de transporte de Natal não suporta mais uma operação tão deficitária, como hoje é feita pelos alternativos, atrelado à dificuldade em fiscalização – tal qual ocorre – e, principalmente, com a enorme necessidade de um sistema complementar entre os bairros. Finalmente, uma unificação e operação de fato e de direito para os alternativos.

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