Cobrador de ônibus assaltado na Zona Norte não cobre prejuízo causado e é demitido pela empresa

O cobrador Rodrigo Alves, funcionário da empresa de ônibus Reunidas Transportes Urbanos Ltda., exercia normalmente sua função na linha 26 (Soledade/Ponta Negra) na noite do último dia 15, quando, por volta das 21h30, nas imediações da ponte de Igapó, zona Norte da capital, dois criminosos adentraram o veículo e anunciaram o assalto. Até aí, nada de novo no perigoso cotidiano de Natal, a cidade que teve o maior aumento nos índices de violência do Brasil. O problema é que a empresa tentou obrigar Alves a ressarcir o prejuízo causado pela ação dos bandidos. Como se negou a cumprir a exigência, o funcionário foi prontamente demitido.
Seguindo procedimento padrão da empresa, após o assalto, os funcionários – cobrador e motorista – se deslocaram até a delegacia de plantão da zona Norte, na estrada da Redinha, para fazer o boletim de ocorrência, seguindo na sequência até a garagem da empresa para fazer a prestação de contas do dia. O cobrador foi, então, notificado que deveria comparecer na terça-feira (16) pela manhã ao escritório central da empresa. Lá, foi questionado se tinha condições de voltar ao trabalho ainda naquele dia, ao que respondeu negativamente. Foi nesse momento que recebeu pela primeira vez a intimação de funcionários, que o perguntaram se já sabia como ia pagar o prejuízo do assalto.
O que se seguiu foi uma série de ordens desencontradas. “Me mandaram para a Santa Maria (tanto a Reunidas como a Santa Maria pertencem à mesma pessoa, Agnelo Cândido), na Cidade Satélite, onde fica toda a parte burocrática das duas empresas; depois disseram que tinha de resolver com a Reunidas mesmo, na zona Norte. “Ficaram me empurrando para lá e para cá até que chegou a informação de que o próprio dono da empresa, junto ao diretor geral, Edilson Silva, haviam determinado que eu deveria pagar a quantia levada pelos criminosos, que foi de R$ 147,00. Foi oferecida a opção até de parcelar esse valor, mas neguei imediatamente, não acho justo que eu sofra um dano e ainda tenha de pagar por isso”, desabafa Alves. “Quando bati o pé e me neguei a cobrir o prejuízo, o funcionário que me repassou as informações ainda perguntou se não dava certo se fosse em três vezes, mas continuei com meu posicionamento. Foi quando ele disse que eu teria de assinar o aviso prévio”, finaliza.
A reportagem procurou o Sindicato das Empresas de Transportes Urbanos de Passageiros do Município do Natal (Seturn) e a diretoria da Reunidas Transportes Urbanos Ltda., mas ambos afirmaram que não se pronunciariam sobre o caso. O Sindicato dos Profissionais de Transporte do Rio Grande do Norte (Sintro) também foi acionado, mas o presidente da organização, Nastagnan Batista, está de férias.

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