PE: Continua a greve de motoristas e cobradores em Recife

Motoristas e cobradores de várias empresas de ônibus, que realizam o transporte dos passageiros do Grande Recife, revolveram paralisar as atividades após as 8h desta segunda-feira (1º). Mesmo em greve, a categoria desceu dos coletivos e sentou nas calçadas da avenida Guararapes. Eles protestam por conta da demissão de dois líderes da Oposição ao Sindicato dos Rodoviários, o motorista Aldo Lima e a cobradora Sofia Costa. A manifestação é realizada pela oposição à entidade, que já realizou uma paralisação de advertência no último dia 14.
Já são registradas paralisações nas ruas do Hospício, do Sol e do Príncipe, avenida Conde da Boa Vista e Guararapes, Praça da Independência e imediações do Parque 13 de Maio. O Terminal Integrado do Barro e o Cais de Santa Rita também foram interditados. O trânsito ficou complicado durante a manhã. Por conta disso, agentes da companhia de Trânsito e Transporte Urbano (CTTU) e do BPTran foram acionados para orientar os motoristas.
Nesta segunda, foi decretado o início da greve dos motoristas, cobradores e fiscais de ônibus. Ao todo, dois milhões de passageiros que utilizam o Sistema de Transporte Público de Passageiros (STPP) na Região Metropolitana do Recife (RMR) foram prejudicados com menos ônibus.
Em Olinda, o Terminal de Integração da PE-15 registra grande aglomeração de passageiros, desde o início da manhã. Os pontos de embarque das linhas com destino aos bairros de Afogados e Boa Viagem tiveram princípios de tumulto, após passageiros serem obrigados a descer dos coletivos. O terminal segue interditado.
Na última sexta-feira (28), uma liminar expedida pelo Tribunal Regional do Trabalho (TRT 6ª Região) determinou que 80% da frota dos coletivos deve ser mantida nos horários de pico, ou seja, das 5h30 às 9h e das 17h às 20h. Já nas horas com menos movimento o quantitativo deve circular com 50% do efetivo. Contudo, no dia anterior o sindicato da categoria afirmou que apenas 30% dos veículos circulariam.
Os rodoviários pedem 33% de aumento salarial. A oferta das empresas, no entanto, é de apenas 3%.
Audiência no TRT sem acordo: A audiência de conciliação entre rodoviários e patrões, no Tribunal Regional do Trabalho (TRT) que teve início no final da tarde desta segunda-feira (1º) terminou por volta das 23h, sem nenhum acordo entre a categoria. Contudo, nesta terça-feira (2), deverá ser julgado o dissídio coletivo e a legalidade da greve. Durante a reunião, um clima tenso foi instaurado e uma parte dos trabalhadores se posicionou em frente ao prédio, localizado no Bairro do Recife, e ao som de gritos e palavras de ordem, tentaram intervir o andamento das atividades. O objetivo do encontro era o de tentar encerrar a greve dos motoristas, fiscais e cobradores, iniciada desde a madrugada do dia 1º.
O presidente do Sindicato dos Rodoviários, Patrício Magalhães, foi recebido ao som de fortes vaias pelos representantes da categoria, que exigem seu imediato afastamento da entidade. O grupo segue com as acusações de que o atual gestor exerceria algum tipo de acordo com a classe patronal, fazendo com que as reivindicações não fossem atendidas. Os brados de “Fora Patrício” que soaram à exaustão, sinalizam o extremo enfraquecimento da liderança sindical.
À frente do movimento intitulado de Oposição Rodoviária de Verdade, o motorista Aldo Lima, afirmou que 30% da frota dos coletivos já voltaram a circular e que o restante dos carros deve retornar às garagens. “Nossa reivindicação é pacífica e visa à garantia de melhorias para a nossa categoria. A porcentagem de carros nas ruas (80%) que nos foi exigida, não conseguiria demonstrar a nossa extrema insatisfação”, afirmou.
O Sindicato das Empresas de Transportes de Passageiros do Estado de Pernambuco (Urbana-PE) solicitou que o TRT declare abusiva a greve. A entidade patronal pede ainda que, caso o Tribunal decida pela abusividade do movimento grevista, as empresas não paguem os dias parados e que seja estabelecida multa diária de R$ 100 mil se os empregados não retornarem imediatamente ao trabalho, bem como o cancelamento das cláusulas ainda pendentes de conciliação.
Segundo o desembargador Pedro Paulo Pereira, que conversou com os representantes dos sindicatos trabalhista e patronal. “A melhor solução para um conflito é sempre o acordo”.
Fotos: Arthur Mota (Folha de Pernambuco)

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