Desde o último dia 23 que a população usuária do sistema de transporte público em Natal voltou a pagar R$ 2,20 na tarifa de ônibus, uma conquista que veio através das manifestações nacionais contra os serviços públicos em todo o país. Porém, com a visibilidade dos protestos, é provável que as reivindicações permaneçam, com foco agora na qualidade do sistema.
A passagem de ônibus na capital potiguar aumentou de R$ 2,20 para R$ 2,40 no dia 18 de maio. Desde então, a cidade foi palco de vários protestos contra o reajuste. No dia 4 de junho, o prefeito anunciou a redução da tarifa de R$ 2,40 para R$ 2,30 por conta da desoneração do Programa de Integração Social (PIS) e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) de empresas de transporte coletivo urbano anunciada pelo Governo Federal.
No dia 21, a notícia sobre a revogação do aumento veio da boca do próprio prefeito de Natal, Carlos Eduardo Alves, que assumirá as consequências da decisão – contrariando assim sua própria palavra, já que chegou a anunciar que a Prefeitura não teria condições de reduzir o preço das passagens. A razão para o aumento das tarifas em Natal foi dada em função da necessidade do Sindicato das Empresas de Transporte Urbano (Seturn) em reajustar os salários e benefícios dos motoristas e cobradores que, na época, estavam ameaçando greve.
Porém, com a revogação do aumento, não se sabe qual será o posicionamento do Sindicato. Denúncias nas redes sociais apontam que uma das medidas tomadas pelos Seturn foi diminuir a frota de ônibus em Natal como resposta ao atual cenário. A reportagem tentou contato com a diretoria de Comunicação do Seturn e empresários, mas eles não quiseram se pronunciar quanto ao assunto.
Nas paradas de ônibus, o que se vê é uma população satisfeita com os protestos que garantiram a mudança de postura da Prefeitura. Mesmo assim, muitos apontam que o sistema precisa passar por melhorias. A estudante Adrielly Cristiane, 22, acredita que o valor das passagens poderia cair ainda mais. “Mas certamente os empresários não irão ceder. Esse preço que pagamos ainda é alto para o serviço que temos”, avaliou.
Alexandra Figueiredo, profissional de Marketing, afirmou que a revogação do aumento das passagens “foi uma tentativa de enfraquecer os protestos”. “Mas agora é que as pessoas não podem parar. Já conseguimos a redução do valor, mas agora os questionamentos passam a ser outros, como qualidade e mais investimento no sistema”, disse.
Mesmo sem precisar pagar as passagens, o aposentado Arinaldo Barbosa, 61, reforçou que os serviços ainda precisam de melhorias. “Diferente de muitas pessoas, eu não sou contra a realização da Copa do Mundo. Mas a gente vê que estão gastando milhões em obras e deixando segurança, saúde e educação da população em último plano não é legal. Não só o transporte público, mas muitos outros serviços ainda precisam melhorar. E muito!”.
Fonte: Jornal de Hoje