Não há como não falar da onda de manifestações que ocorreram por todo o Brasil. As reivindicações evoluíram desde a petição pela redução da passagem de ônibus urbano até o clamor por melhores educação e saúde, só para citar alguns dos novos temas a comporem a pauta de reivindicações dos brasileiros.
As arenas tornaram-se um símbolo de desperdício de dinheiro. E o pior é que, em boa parte das cidades que sediarão os jogos da Copa de 2014, o chamado “legado” custa em sair do papel. Natal é um exemplo claríssimo dessa situação, e estamos há apenas cerca de 360 dias para o início dos jogos, diga-se de passagem. E o que temos?
As intervenções viárias na capital potiguar e em sua região metropolitana estão acontecendo em passos de lesma. Nosso sistema ferroviário, que hoje se resume a uma “sobra” da rede ferroviária brasileira, é absurdamente atrasado. Nossas – poucas – locomotivas foram fabricadas na década de 60!
Existe a promessa de um VLT, que deverá ser implantado no atual trajeto do trem urbano. Sinceramente, vejo isso apenas como merchandising do poder público. Afinal, o que tende a mudar é apenas o veículo que percorre a linha férrea. Toda uma estrutura “ao redor” deve ser pensada, criada e construída.
Seria formidável ver bondes pelas avenidas de Natal. Não daqueles que existiram há décadas atrás, mas modernos e ecologicamente corretos veículos que transportem quantidade com qualidade e pontualidade. A implantação desse tipo de transporte é simples e custa pouco se comparado a outras estruturas, e ao contrário do que pensam, é bem adequado a cidades pequenas.
Mas enquanto debatemos e sugerimos essas mudanças, a turma da FIFA vem se aproximando, tal qual uma criança quando vem ao mundo. O acontecimento é lindo, emociona e alegra os corações de muitos – como estamos vendo na Copa das Confederações –, mas, me parece que essa criança está vindo para o mundo de uma família desestruturada e egoísta. Sim! Que estrutura Natal possui atualmente para tal evento? E nossos sistemas se integram? Não, cada um procura seus próprios interesses!
Espero que não só o “gigante” tenha acordado, mas também nossos gestores públicos, pois é deles a responsabilidade de promover toda uma harmonia na sociedade. E eu, já cansado de aguardar ansioso, quero mesmo é ver progresso nos nossos lugares.
Por Rossano Varela