Editorial UNIBUS RN: Protesto, sim. Baderna, não

Como já era de se esperar, protestos estão acontecendo em Natal em razão do aumento da passagem do transporte urbano – que começa a vigorar neste sábado, com o valor de R$ 2,40. Protestos esses que são organizados, sobretudo, por movimentos estudantis, que reivindicam a manutenção ou o barateamento da tarifa.
Protestar, por sinal, é algo que tem de acontecer mais por todo o país. A massa trabalhadora e a classe estudantil, infelizmente, não possuem mais aquele ímpeto de 20, 30 anos atrás, quando foram às ruas pedir eleições diretas e a saída de um presidente. É muito bom saber que os movimentos desse porte não foram extintos e estão voltando aos poucos, sobretudo a classe estudantil, para reivindicar o que tem de ser feito para a população pelos governantes.
Além disso, há de se ressaltar que o que houve em Natal nesta semana são movimentos legítimos. Se os estudantes acham que a nova tarifa é injusta, há de se manifestar, colocando suas opiniões para toda a sociedade escutar, podendo (ou não) ganhar o apoio do restante da população.
Porém, os últimos protestos na capital potiguar, infelizmente, tiveram imagens e fatos que podem trocar o nome da manifestação: em vez de “protesto”, a melhor alcunha seria “baderna”. Pra poder ter vez e voz, expondo suas opiniões, os estudantes não precisavam pichar prédios públicos, fechar vias importantes em horário de pico, abrir buracos e retirar o material da pavimentação das ruas para fechá-las, e, principalmente, depredar os ônibus que circulavam. Lamentavelmente, vândalos se infiltraram nos estudantes, que protestavam legitimamente, e mancharam a manifestação da última quarta-feira.
Essa baderna que aconteceu prejudicou a todos, principalmente aqueles que estavam no movimento. Esses ônibus depredados ficarão um, dois ou mais dias parados na manutenção, deixando essas mesmas pessoas sem ônibus para circular. Com buracos nas ruas, elas serão interditadas para o conserto, e o trânsito ficará pior. Com a pichação, a cidade ficou mais feia. E, com a repercussão nacional do protesto, a imagem dos estudantes, certamente, ficou manchada, com a sociedade se voltando contra quem reivindica um transporte público melhor.
Quem organiza essas manifestações deveria parar pra pensar e refletir o quanto elas estão sendo negativas para o próprio movimento, que está sendo taxado nas rodas de conversa de “baderneiro”. Em vez de ser um marco para que a população acorde para reivindicar seus direitos e melhorias na cidade, atos como o de quarta passada só mostram o quanto estamos despreparados para protestar.

Sempre é bom parar pra pensar que é mais importante gritar pelo o que pede do que quebrar o que já tem.

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