Na última semana precisei utilizar um ônibus da linha 26 para ir de Ponta Negra até as imediações do Shopping Via Direta e, como de costume, ele estava com muitos passageiros. Logo que paguei minha passagem fui logo caminhando até a última porta do ônibus, na ocasião um Torino OF-1722 de três portas, e quando estava exatamente na porta do meio, para minha surpresa, o motorista a abriu para desembarque.
Para ser mais exato, o condutor abriu tanto a porta do meio quanto a última porta de desembarque do ônibus. Decidi ficar por ali para ter a certeza de que o motorista estava de fato utilizando aquela porta para desembarque, e a certeza veio em todas as outras paradas. Observei, portando o comportamento geral daquela viagem e cheguei a três motivos para se utilizar todas as portas do ônibus.
O primeiro: a velocidade do desembarque é maior, pois todos os passageiros a descer do veículo não ficam concentrados exclusivamente numa só porta (nos últimos veículos adquiridos pelas empresas geralmente a última, após o eixo traseiro). Isso faz com que o ônibus faça paradas mais rápidas, ganhando maior velocidade operacional e consequentemente reduzindo atrasos.
O segundo: o conforto para o passageiro é enorme! Ora, como é constrangedor ter que atravessar toda a extensão do ônibus para poder descer em algum ponto que não seja o terminal (imagine isso com os articulados da Reunidas), pisando em alguns pés, irritando pessoas, e empurrando um ou outro passageiro. Poder escolher em qual porta descer é muito cômodo e pode evitar situações desagradáveis.
O terceiro: uma melhor distribuição de peso no chassi do ônibus em consequência do posicionamento dos passageiros nos arredores de ambas as portas de desembarque. Isso gera benefícios para o veículo, pois desta maneira pode-se aproveitar melhor a vida útil do conjunto mecânico do veículo.
Infelizmente as operadoras de Natal (e região metropolitana também!) mantêm restrição ao uso da porta do meio para desembarque, numa atitude que considero “maliciosa”, forçando os passageiros a ficarem o mais próximo da traseira liberando espaço para mais passageiros na parte frontal do veículo. As mesmas empresas também alegam que evitam utilizar a porta central para poupar o elevador para deficientes físicos, mas, fico imaginando o porquê de se fabricar um equipamento que não cumpre totalmente com seu propósito. É complicado!
A situação que vivi foi exceção à regra, mas, espero que, com uma Secretaria de Transportes mais eficiente, mais sensível aos usuários, interfira nessa regra ultrapassada e suspeita das empresas. Aqui, deixo meus parabéns ao motorista que, além de trabalhar melhor, ainda proporcionou uma viagem agradável aos seus passageiros.
Rossano Varela – interino